O desembargador federal Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região de Goiás, determinou a imediata soltura de Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, segundo informação divulgada no site da instituição. Cachoeira está preso no presídio federal da Papuda, em Brasília, desde fevereiro deste ano.
O relator de habeas corpus proposto pela defesa do empresário Carlinhos Cachoeira no TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região, o desembargador Tourinho Neto votou na última terça-feira (12) pela anulação das interceptações telefônicas colhidas pela Polícia Federal que resultaram na Operação Monte Carlo. Segundo Tourinho, Cachoeira deveria ser solto por consequência disso.
O julgamento do habeas corpus, no entanto, iniciado pela 3ª Turma do TRF, havia sido interrompido por um pedido de vista do desembargador Cândido Ribeiro.
Quem é Carlinhos Cachoeira
A Polícia Federal (PF) prendeu, na manhã do dia 29 de fevereiro, pelo menos 20 pessoas, durante a Operação Monte Carlo, que desmontou uma quadrilha que explorava máquinas caça-níqueis e pagava propina para agentes públicos de segurança. Entre os presos estava o chefe do grupo, Carlinhos Cachoeira, que ficou conhecido em 2004 após divulgação de vídeo que o flagrou oferecendo propina a Waldomiro Diniz, ex-assessor do então ministro José Dirceu.
As investigações, iniciadas há 15 meses, apontam que o líder da quadrilha concedia a donos de galpões clandestinos, localizados em cidades goianas, uma espécie de “licença” de exploração dos pontos onde as máquinas eram instaladas.
Segundo o delegado da Polícia Federal Matheus Rodrigues, coordenador da operação, a quadrilha operava há 17 anos com a conivência de agentes de segurança de Goiás. “Os mandantes nunca tiveram uma ação contra eles. Contavam com [a conivência de] policiais militares, civis, rodoviários e federais e de agentes públicos. Os policiais eram pagos para que os criminosos pudessem fazer a exploração sem intervenção”, explicou. De acordo com a PF, policiais civis e militares que participavam do esquema se encarregavam de fechar os locais que não contavam com a autorização do chefe da quadrilha.
Ele disse que a operação começou com a apreensão de caça-níqueis na cidade goiana de Valparaíso, que fica a 35 quilômetros de Brasília. A partir daí, a investigação avançou. O procurador da República de Goiás Daniel Rezende Rodrigues disse que a quadrilha só conseguiu atuar durante todo esse tempo porque os policiais envolvidos vazavam informações de qualquer operação relativa a caça-níqueis.
Segundo o procurador, a quadrilha tinha um esquema sofisticado de atuação em Brasília e em Goiás. Rodrigues disse ainda que em 2006 houve uma tentativa de fazer uma operação para desarticular a quadrilha, mas a informação vazou. Os responsáveis pela operação informaram que em um dos livros de contabilidade havia dados de pagamento de propina e que um soldado chegava a ganhar R$ 200 reais por dia de trabalho para a quadrilha e recebia ainda a gasolina para fazer a ronda.
Eles também informaram que o valor da propina variava de acordo com o cargo da pessoa. Um delegado da Polícia Civil chegava a receber R$ 4.000 por mês.
UOL