Parecer da CPMI do Cachoeira estima que o valor foi movimentado pelo grupo entre os anos de 2002 e 2012
São Paulo A organização criminosa chefiada pelo empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, movimentou nos últimos dez anos mais de R$ 84 bilhões. Os dados constam do parecer que será apresentado pelo relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG).
O bicheiro Carlinhos Cachoeira é alvo de uma comissão mista no Congresso. O prazo de encerramento dos trabalhos foi adiado FOTO: REUTERS
De acordo com o petista, a movimentação corresponde a valores que foram recebidos e também usados para pagamentos por integrantes da organização entre 2002 e 2012. O valor pode ser ainda maior, tendo em vista que o montante corresponde à análise das quebras de sigilos bancários e fiscal feitas até 1º de outubro.
"Um lado positivo da prorrogação dos trabalhos é que poderemos aprofundar a análise dos dados que ainda estão chegando à comissão", disse. Cunha declarou que chegou ao valor de R$ 84 bilhões em movimentações do esquema, analisando 75 quebras de sigilos de pessoas físicas e jurídicas ligadas a Cachoeira.
Ontem, os líderes da CPMI decidiram prorrogar os trabalhos da comissão. Mas deixaram para depois do segundo turno das eleições a decisão do prazo para mais investigação. Inicialmente, o colegiado encerraria as atividades em 4 de novembro.
"Os partidos entenderam que, por estarmos vivendo um período eleitoral, não poderíamos contaminar nenhuma discussão de apresentação de relatório ou outras discussões de requerimentos. Mas, por unanimidade, os partidos também entenderam que devem prorrogar os trabalhos da comissão", disse o presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB).
Segundo o vice-presidente da CPMI, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), é preciso avaliar o trabalho já feito para posteriormente definir o prazo da prorrogação.
O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), defende que a comissão tenha mais 180 dias. "Temos que quebrar o sigilo das 29 empresas que receberam recursos da Delta. Essa não é mais uma CPI do Cachoeira, mas também uma CPI da Delta", frisou.
A comissão só volta a se reunir no dia 30, quando será definido o prazo de prorrogação dos trabalhos e também serão votados mais de 500 requerimentos que constam na pauta.DN