Mudança na força das siglas no CE

PSB, PT, PSD, PMDB e PRB são os cinco maiores partidos, tendo eleito, pelo menos, 123 prefeitos no Estado
O resultado das eleições deste ano revela que as prefeituras cearenses continuam concentradas sob o poder de cinco agremiações, apesar de as urnas terem mostrado alterações na força eleitoral de partidos historicamente importantes no Estado. Embora 28 siglas tenham disputado o pleito no Ceará, pelo menos 66,7% das prefeituras deverão ser administradas, a partir do próximo ano, por gestores filiados a apenas cinco legendas. PSB, PT, PSD, PMDB e PRB elegeram, juntos,

123 prefeitos.
Apesar da perda de espaço do PSDB no Ceará, o presidente estadual Marcos Cals diz estar satisfeito com o desempenho tucano no pleito deste ano FOTO: KID JÚNIOR
A contabilização de prefeitos por partido realizada pelo Diário do Nordeste exclui os 15 municípios em que há possibilidade de mudança nos eleitos porque aguardam decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o registro de candidatura e também Fortaleza, que poderá ficar com PT ou PSB, a depender do resultado do segundo turno.

Em 2008, as siglas que mais conquistaram mandatos de prefeito foram, respectivamente, PSDB, PMDB, PSB, PRB e PT. Neste ano, a criação de partidos e o novo cenário de alianças revelam mudanças na força dos partidos no Ceará. PSB e PT, por exemplo, obtiveram crescimento significativo. O PSD, apesar de ser um partido novo, elegeu 26 prefeitos na primeira disputa.

Após a eleição deste ano, as cinco agremiações com maior número de prefeitos passam a ser, respectivamente, PSB, PT, PSD, PMDB e PRB. O PSDB, que elegeu 54 prefeitos em 2008, acabou perdendo 25 que migraram para o PSD e, neste ano, elegeu apenas oito. O PMDB também perdeu espaço, embora ainda se mantenha entre as cinco siglas que detêm mais prefeituras, pois saiu da primeira posição para a quarta.

Surpresa

O PSB foi o partido que mais elegeu prefeitos neste ano, totalizando 35 gestores. São 13 a mais que os eleitos em 2008 e ainda há perspectiva de aumentar esse número por conta de cidades cuja situação está indefinida em razão da espera do julgamento de recursos pelo TSE. O deputado José Sarto, que integra o diretório estadual do PSB, diz que o resultado surpreende e representa a consolidação do crescimento do partido no Ceará.


"A consolidação foi constatada nesta eleição. E olha que o partido é muito ético, não trabalha cooptando lideranças. Não fez assédio político em nenhum município. O PSB foi procurado, fizemos avaliação qualitativa dos quadros políticos e houve rejeição em alguns casos. É um crescimento qualitativo", afirma. Segundo Sarto, o governador Cid tem influência direta no resultado: "Como temos o Governo, isso atrai as lideranças".

Para ele, o resultado deste ano é fruto da busca do partido pela ocupação de cargos públicos, mas não respalda previsões de possíveis cenários para a disputa de 2014. "Hoje, o PSB é aliado ao PT. Mas o PT foi apresentando candidaturas muitas vezes para marcar posição, e o PSB está procurando espaço político para crescer. Não está se vislumbrando 2014", afirma.

Já o PT elegeu 26 prefeitos neste ano, 11 a mais do que nas eleições de 2008. O deputado José Guimarães, que articulou a campanha eleitoral no Nordeste, considera que o PT obteve um "crescimento extraordinário", visto que é o segundo partido em número de prefeituras e o primeiro em número de votos nominais no Ceará.

"Tiramos, com todos os nossos candidatos, mais de 800 mil votos. Foi o maior crescimento dos partidos no Ceará. Penso que elegemos em torno de 200 vereadores e estamos no segundo turno em Fortaleza, então é uma vitória espetacular. Crescemos 100%, e isso mostra o vigor com que o partido atua".

Crescimento
Conforme Guimarães, o PT conquistou cidades importantes no Estado, além de estar presente em diferentes regiões cearenses. Nacionalmente, o PT vem crescendo e disputando um espaço historicamente ocupado pelo PMDB em relação à quantidade de cargos eletivos.

Para o deputado petista, isso é natural, pois faz parte do projeto de poder que as legendas procurem ocupar esses espaços. "É natural que os partidos queiram crescer, e estamos fazendo a nossa parte. Vamos trabalhar nosso projeto. O que vai acontecer depois vamos ver. Por enquanto, é dar velocidade ao trem. Ninguém esperava esse resultado, que foi o melhor da história", considera.

O PMDB, em 2008, foi o segundo partido que mais elegeu prefeitos: 33. Neste ano, elegeu apenas 21, caindo para o quarto partido com maior número de prefeituras. O Diário do Nordeste tentou entrar em contato com o presidente estadual da sigla, senador Eunício Oliveira, mas ele estava viajando.

O PSDB é outra agremiação que vem perdendo espaço em relação à ocupação de cargos eletivos. Em 2008, elegeu 54 prefeitos, mas 25 deles migraram para o PSD. Neste ano, elegeu oito. Para o presidente estadual tucano, Marcos Cals, o desempenho do PSDB no pleito deste ano foi positivo, considerando que o partido é o único que está na oposição nas três esferas de poder.

"Estou satisfeito com a desenvoltura do meu partido. Lembre-se que os demais partidos ou estão no governo de Fortaleza, ou no governo estadual ou federal. E o PSDB está coligado com 44 prefeituras eleitas. Nós contribuimos em 44 municípios com a eleição desses prefeitos", avalia. Cals diz que apenas 25 candidatos tucanos concorreram, pois alguns foram impugnados.

Além disso, o tucano argumenta que não é o partido que ajuda a eleger os prefeitos, mas os deputados. "Eu fui deputado por seis mandatos. Quem ajuda a eleger prefeito no Interior é deputado federal ou estadual. Em 2011, perdemos cinco deputados estaduais e três suplentes de deputados estaduais. E o federal, que foi Manoel Salviano. Estou falando como funciona. Quem ajuda a eleger não é o partido em si, mas os deputados. Então, teve um reflexo. Eu, quando era deputado estadual, tinha ligado a mim oito prefeituras do PSDB e cinco de outros partidos", explica.

Beatriz Jucá - DN
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