Nunca fui de
ir atrás das chamadas teorias conspiratórias. Mas muitas coisas que acontecem
vão além do que sugere a sua aparência inocente. Por trás delas existem, muitas
vezes, intrincadas redes de intenções que não podem ser reveladas aos mortais
comuns.
O caso do
julgamento desse tal mensalão é um exemplo desse jogo de sombras chinesas. Se
os juízes estivessem lá apenas fazendo o seu trabalho, lendo o processo,
analisando as provas e julgando os réus à luz das leis, não teria por que
desconfiar de nada.
Ocorre,
porém, que desde o início esse processo dá margem para que a gente desconfie de
que, por trás dele, se esconde um mundo inteiro de aberrações, a começar pela
estranha e suspeita coincidência de datas entre o desenrolar do julgamento e a
campanha eleitoral.
Nem vou
falar das acrobacias dos ministros para justificar seus votos condenatórios:
pessoas muito mais qualificadas já mostraram o absurdo e o risco para o país
inteiro dessas decisões.
O que me
chamou a atenção sobre as segundas intenções desse julgamento foram as
manifestações de alguns juízes, simples e desnecessárias provocações ao PT, à
atividade política em geral, e aos poderes executivo e legislativo em
particular.
Tudo isso,
somado a uma cobertura "jornalística" sem paralelo na história do
país, nos leva a concluir que há algo a mais no ar do que os habituais aviões
de carreira.
Juntando os
fatos, cada um pode chegar à conclusão que quiser.
Eu, por mim,
acho que ninguém em perfeito uso de suas faculdades mentais faz provocações sem
esperar que o ofendido não reaja a elas.
Portanto, uma
dedução lógica é que os ministros supremos, ao montarem esse circo de horrores
que foi o julgamento do tal mensalão, simplesmente pretendiam fazer com que o
legislativo e o executivo, vilipendiados, criminalizados, tratados como a
escória das instituições, reagissem às ofensas.
Para, na
sequência, receberem a devida punição de um judiciário impoluto, o único dos
poderes que restou para salvar o país do mar de corrupção no qual afunda, por
obra e graça de políticos que agem como "quadrilheiros", mafiosos,
bandidos cujo único propósito é assaltar os cofres públicos.
Em outras
palavras, e para concluir esse tétrico exercício de hipóteses, o Supremo
Tribunal Federal espera apenas uma palavra qualquer mais dura, mais enfática,
sobre o absurdo de todo o processo, da presidente da República, de algum de
seus ministros, ou dos presidentes da Câmara dos Deputados ou do Senado, para
dar a senha para o golpe.
O motivo?
Simples,
pode ser algo como "eles estão pregando a ruptura institucional, não
respeitam a independência dos poderes."
Ou uma frase
similar, escrita no roteiro de um filme velho, que muita gente já viu.
Leia mais em: O
Esquerdopata: STF busca pretexto para o golpe
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