O julgamento dos acusados no caso Eliza Samúdio teve um
depoimento surpreendente, na madrugada desta quinta-feira (22).
O julgamento dos acusados no caso Eliza Samúdio teve um
depoimento surpreendente, na madrugada desta quinta-feira (22). O antigo
braço-direito do goleiro Bruno disse, pela primeira vez, que o jogador mandou
matar a modelo, como afirma a promotoria.
Macarrão chegou ao fórum no início da tarde. Ele ficou na
cadeira da frente, e a ex-namorada de Bruno, Fernanda de Castro, logo atrás.
Fernanda, acusada de sequestrar Eliza e o filho dela, foi a última pessoa a ser
ouvida.
À juíza, ela contou que viu Eliza na casa de Bruno, no Rio, e
que a ex-amante do goleiro tinha ferimentos no rosto, diferente do que tinha
afirmado à polícia em 2010, quando disse que não viu Eliza.
Mas o interrogatório mais esperado foi o de Macarrão, que durou
cinco horas e só terminou na madrugada. Luiz Henrique Romão incriminou o amigo
Bruno e afirmou: "O goleiro mandou matar Eliza Samúdio.”
Ele disse que Eliza saiu de livre e espontânea vontade do hotel
até a casa de Bruno, no Rio, e que ela foi para Minas receber R$ 50 mil
prometidos pelo goleiro. Quanto ao sangue no carro, Macarrão contou que Eliza e
o primo de Bruno, menor de idade, brigaram, e ele deu uma cotovelada no rosto
dela, e não uma coronhada, como o menor afirmou na época.
Macarrão falou também que no sítio de Bruno, em Esmeraldas,
Eliza não era refém, e que no dia 10 de junho, a pedido de Bruno, foi até a
região da Pampulha, em Belo Horizonte, e entregou Eliza a um homem que estava
em um carro preto.
O ex-braço direito de Bruno contou que pressentiu que Eliza
seria morta, e que pediu a Bruno para deixar Eliza em paz. Mas de acordo com o
depoimento, o goleiro respondeu: "Eu sei o que estou fazendo. Deixa
comigo". Macarrão não revelou como Eliza morreu, nem quem foi o autor do
crime.
Luiz Henrique alegou que só conheceu Marcos Aparecido dos
Santos, o Bola, na penitenciária. Mas o rastreamento dos telefones deles mostra
a troca de cinco ligações na noite do dia 10. Ele concluiu dizendo que se
sentia aliviado por falar a verdade, mas que temia pela vida dele.
No fórum, os advogados de Bruno disseram que ele ficou muito
decepcionado com as declarações de Macarrão, e que a estratégia foi uma armação
do Ministério Público. Os defensores do goleiro disseram ainda que podem pedir
que Luiz Henrique seja testemunha no julgamento de Bruno.
“Acho que se acusação aguardava uma confissão, para mim é um denotativo claro de que não tinham elementos de prova. Resta saber como vão mensurar a credibilidade do depoimento do Macarrão”, disse Lúcio Adolfo, advogado de Bruno.