terça-feira, 13 de
novembro de 2012
12/11/2012 - Passadas as eleições de outubro, nas quais o
PSDB reduziu ainda mais a sua representatividade – perdeu 87 prefeitos e 641
vereadores –, os caciques tucanos já deflagraram a guerra pelo comando da
sigla. As convenções nacional e estaduais estão agendadas para maio de 2013,
mas a derrota eleitoral antecipou a disputa interna. As bicadas tucanas serão
mais sangrentas. Na aparência, há uma briga entre as teses da “renovação e da
experiência” e entre “os paulistas e os mineiros”. Porém, o buraco é mais
embaixo.
Na prática, o que está em jogo é a definição dos futuros
candidatos à Presidência da República e aos governos estaduais, além dos cargos
legislativos de deputados e senadores, no pleito de 2014. Aécio Neves, o
cambaleante presidenciável mineiro, agarrou-se à tese da renovação, defendida
pelo grão-tucano FHC, presidente de honra do PSDB, para defender mudanças no
comando da sigla. Já os paulistas, que sempre mandaram na legenda, retrucam que
ela não pode estar a serviço de uma pretensa candidatura.
O duelo entre "mineiros" e "paulistas"
“Em oposição aos mineiros, os paulistas têm pregado a
necessidade de uma liderança com experiência administrativa e longa carreira
partidária”, descreveu o jornal O Globo de ontem (10). O nome apresentado por
esta turma é o do ex-governador de São Paulo Alberto Goldman, fiel aliado de
José Serra. “A questão da renovação deve ser vista com cautela. Ela não deve se
resumir à idade, mas a novas ideias e propostas. Alberto Goldman é excelente
para o posto”, ressalta o presidente do PSDB em São Paulo, Pedro Tobias.
Já a turma de Aécio Neves defende o nome do atual
secretário-geral da sigla, o mineiro Rodrigo de Castro. Ele coordenou a
campanha eleitoral do senador em 2010 e, com fidelidade canina, garantiria o
favoritismo do cambaleante presidenciável tucano na briga interna. O deputado
Sérgio Guerra, atual presidente nacional do PSDB, também é aliado de Aécio, mas
não pode disputar uma nova reeleição para o comando da legenda. Além disso, o
pernambucano está com graves problemas de saúde.
"PSDB atravessa fase de ebulição"
Há também setores tucanos que defendem um nome neutro, fora do
circuito São Paulo-Minas Gerais, para evitar maiores traumas no ninho já
conflagrado. Nessa difícil busca pelo consenso, o principal cotado é o
ex-governador Tasso Jereissati. “Ele poderia atuar como figura de equilíbrio
diante das discordâncias entre paulistas e mineiros”, relata O Globo. O
problema é que o cearense hoje não apita mais nada na sigla. Ele sumiu,
literalmente, das eleições municipais no seu estado e tem se dedicado aos seus
negócios empresariais.
Como afirma Josias de Souza, o blogueiro da Folha que transita
bem no ninho tucano, a situação do partido não é nada fácil. “O PSDB atravessa
uma fase de ebulição... A atmosfera de abulia provocou no tucanato um incômodo
que precipita o debate interno sobre a troca de comando do partido... Com mais
de seis meses de antecedência, volta à cena a perspectiva de divisão entre os
partidários do projeto presidencial de Aécio Neves e seus contrários, à frente
José Serra, que acaba de ser batido na disputa municipal de São Paulo”.
Por Altamiro Borges