A presidenta Dilma Rousseff até que tentou sair ilesa da
artilharia da direita partidária e midiática. Demitiu ministros, participou de
festanças de barões da mídia, fugiu do embate político e ideológico e até
difundiu a imagem da “gerentona” tecnocrática. De nada adiantou a sua omissão.
“O nosso foco não pode ser mais o ex-presidente Lula. Temos que bater na
presidenta Dilma, pois ela é a candidata à reeleição”, afirmou na quinta-feira
(6) o cambaleante presidenciável tucano Aécio Neves. Será que agora ela vai
acordar?
A notícia sobre a nova tática da direita foi
postada hoje por Ilimar Franco, no jornal O Globo, que garante que “o PSDB vai mudar sua linha de combate”. A declaração de guerra de
Aécio foi feita durante reunião na casa do deputado Paulo Abi-Ackel para 30
tucanos. Na ocasião, ele ainda revelou porque não assumiu sua candidatura.
“Sigo os ensinamentos de Tancredo Neves. Ele dizia que reunião é para homologar
o que já está decidido. Jamais assumiria sem combinar antes com o Serra, o
Alckmin e os demais governadores”.
É certo que o senador não está com esta bola toda. Ele saiu meio
chamuscado das eleições municipais em Minas Gerais, perdendo em importantes
centros urbanos do estado. Há quem garanta que ele ainda poderá recuar no seu
sonho presidencial para não perder sua “fortaleza” em Minas. Além disso, o
cambaleante presidenciável até agora não convenceu os próprios tucanos. Muitos
caciques acham que ele é vacilante e que mantém um estilo de vida, de
“mauricinho”, bastante vulnerável e difícil de conquistar o eleitorado.
O mesmo O Globo de hoje, em reportagem de Gustavo Uribe,
confirma estas dificuldades. “Em setores do partido, a avaliação é de que o
tucano precisa adotar um discurso mais duro caso queira vencer a disputa ao
Palácio do Planalto. Para lideranças tucanas, nos últimos anos, o senador
mineiro teve uma atuação oposicionista ‘fraca’, que ainda não empolgou a
oposição ao governo de Dilma Rousseff”. O lançamento precoce da sua
candidatura, feita pelo “príncipe” FHC, visou exatamente aplacar estas intrigas
internas.
De qualquer forma, é bom a presidenta Dilma ficar esperta. Ela
não sairá ilesa da pesada artilharia da direita partidária e midiática. Ou ela
parte para a ofensiva, politizando o debate, ou será um alvo fácil. No
julgamento midiático do “mensalão”, a direita visou atingir importantes
lideranças petistas, a começar do ex-ministro José Dirceu. Agora, no caso
Rosemary, ela tenta sangrar o ex-presidente Lula. Debilitados o PT e o seu
principal cabo-eleitoral, estará pavimentado o caminho para o discurso
hidrófobo de Aécio Neves.
A direita está se preparando para o embate. “Ou o PSDB engrossa
a voz oposicionista ou não sobe a rampa do Palácio do Planalto. O partido tem
ficado aquém das expectativas em matéria de veemência”, reclama o exótico
Álvaro Dias, líder do PSDB no Senado. “A oposição ou é incisiva ou não é nada.
Não existe oposição suave, ela tem de indicar os erros do governo”, completa
Alberto Goldman, vice-presidente da sigla. Será que a “gerentona” Dilma já
percebeu o peso da sua responsabilidade histórica? A conferir!