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O show do julgamento do “mensalão petista” ruma para o seu
final. Segundo levantamento da Folha de 30 de novembro, “os ministros do
Supremo Tribunal Federal levaram 49 sessões, quase quatro meses e cerca de 250
horas para julgar os 37 réus e fixar as penas dos 25 condenados... O clamor por
condenações duras terminou satisfeito”
Quase concluído o espetáculo midiático,
fica a pergunta: quando terá início o “clamor” da imprensa pelo julgamento do
“mensalão tucano”, que ela insiste em chamar do “mensalão mineiro”?
Em artigo publicado no sítio Carta Maior,
Antonio Lassance opina que já está em curso uma manobra para evitar que
importantes caciques do PSDB sejam levados ao banco de réus. A recente onda
denuncista, envolvendo Rosemary Noronha, ex-chefe do gabinete da Presidência da
República em São Paulo, e as acusações requentadas do publicitário Marcos
Valério, visaria reduzir as pressões pelo julgamento do “mensalão tucano”. Para
ele, inclusive, o PT estaria contribuindo, involuntariamente, para desviar o
foco.
A manobra da direita udenista
“O PT não entendeu qual é o jogo das acusações contra Lula. O
jogo que está em disputa é sobre quem será a bola da vez num futuro mensalão-2:
o PSDB ou, mais uma vez, o PT. A rigor, dada a conclusão da Ação Penal 470,
deveria ser a vez do julgamento do mensalão dito ‘mineiro’... Os ataques
seletivos contra Lula têm várias intenções, mas uma é especial: virar a mesa do
que está na fila e inventar algo supostamente mais relevante a ser julgado,
deixando o escândalo que envolveu os tucanos para depois, bem depois”.
Penso que procede a suspeita do amigo Lassance, mesmo
discordando da sua opinião de que a criação da CPI da Privataria Tucana ou o
“convite” para FHC esclarecer a “Lista de Furnas” desviam o foco principal. A
direita midiática e partidária está atirando em várias frentes com o objetivo
de desconstruir a imagem do ex-presidente Lula para, logo na sequência,
debilitar o apoio do governo Dilma Rousseff. As forças de esquerda também podem
e devem agir em várias frentes para desmoralizar os agressivos udenistas.
Azeredo, Aécio e FHC
Neste sentido, é preciso exigir do STF o imediato julgamento do
“mensalão tucano”. Seria um grave erro deixar este assunto explosivo de lado. O
esquema montado pelo publicitário Marcos Valério para irrigar o caixa-2 eleitoral,
o “valerioduto”, nasceu em Minas Gerais em 1998 – bem antes do “mensalão do
PT”. Ele serviu para bancar a derrotada campanha à reeleição do governador
Eduardo Azeredo (PSDB). O próprio até confessou que a grana arrecadada e não
contabilizada também financiou a campanha de FHC.
Segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República, o “mensalão
tucano” foi abastecido com o dinheiro de três estatais – Companhia de
Saneamento de Minas Gerais (Copasa), Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge) e
Companhia Mineradora de Minas Gerais (Comig). Elas receberam do governador
Eduardo Azeredo a missão de patrocinar três eventos esportivos e todas as
competições foram patrocinadas pela SMP&B, a agência de publicidade Marcos
Valério, com empréstimos do famoso Banco Rural.
Joaquim Barbosa na berlinda
Como afirma Maurício Dias, na revista CartaCapital de 29 de
outubro, “BH é a capital do caixa dois”. Caso o STT decida julgar o “mensalão
tucano”, penas voarão para todos os cantos. “O mensalão tucano, e não mineiro,
como às vezes se diz e se escreve, ora por descuido e, principalmente, por
má-fé, montado a partir de Belo Horizonte para a reeleição do então governador
mineiro Eduardo Azeredo, está intimamente ligado ao processo eleitoral nacional
e, por consequência, à reeleição de Fernando Henrique Cardoso”.
Neste sentido, Antonio Lassance tem toda a razão. O julgamento
“mensalão tucano” pode ser explosivo. Ela atinge toda a cúpula do PSDB – em
especial, o senador Aécio Neves, o cambaleante presidenciável tucano. É por isto
que “a oposição e sua mídia fazem um jogo estratégico para preservar o seu
candidato às eleições”, desviando o foco com sua recente onda denuncista contra
Lula. Joaquim Barbosa, a nova estrela do STF, garantiu recentemente que o caso
será julgado em breve. É preciso pressioná-lo ou desmascará-lo!
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