Aaron
Swartz, fundador do sistema RSS, suicidou-se aos 26 anos
via Gilda
Azevedo, no Facebook
Por: Viomundo
Foi um defensor
acérrimo da liberdade de circulação de conteúdos na Internet e enfrentava um
processo judicial que lhe poderia valer 30 anos de prisão.
O programador
informático norte-americano Aaron Swartz, responsável pela criação do sistema
RSS, foi encontrado morto na sexta-feira no seu apartamento em Nova Iorque,
onde se terá enforcado. Tinha 26 anos e estava a poucas semanas de enfrentar um
julgamento que o poderia condenar a 30 anos de prisão.
Foi aos 14 anos que
Swartz começou a escrever o seu nome na história da Internet. Com essa idade
ajudou a criar a tecnologia digital RSS, um protocolo que permite a leitura dos
sites através da subscrição de feeds(actualizações em tempo real).
Poucos anos depois
criou a rede social Reddit, uma comunidade de partilha de links que se
auto-denomina “o portal da Internet”.
O percurso
profissional de Swartz confunde-se com a sua visão do mundo. Defendia a
liberdade de circulação de conteúdos na Internet e em 2008, aos 22 anos,
escreveu o seu próprio manifesto. O documento, que titulouGuerrilla Open Acess,
começava assim: “A informação é poder. Mas como todo o poder há aqueles que
querem guardá-lo para si.”
Nele, Swartz
defendia que todos deveriam ter acesso aos artigos científicos publicados
online e apelava ao fim do que considerava “um roubo privado da cultura
pública”.
Essa forma de estar
valeu-lhe um processo na justiça. Em 2011, Swartz foi acusado de fazer download
ilegal de 4,8 milhões de documentos científicos e literários (quase a
totalidade do arquivo) da plataforma na Internet intitulada JSTOR, através da
rede do MIT (Massachussets Institute of Technology).
Se fosse condenado,
estaria sujeito a uma pena de 30 anos de prisão e ao pagamento de uma multa de
um milhão de dólares.
A família de
Swartz divulgou um comunicado dizendo que esta morte “não é apenas uma
tragédia pessoal” mas também “um produto de um sistema de justiça criminal
repleto de intimidações”. Os familiares culpam as autoridades judiciais e o
próprio MIT pela morte do filho, que iria ser punido por “um alegado crime que
não fez vítimas”.
O arquivo digital
JSTOR tinha até decidido não apresentar queixa contra Swartz depois de este ter
devolvido as cópias digitais dos artigos, mas umgrand jury (júri de cidadãos
que avalia provas e decide se um crime é passível de acusação) decidiu que o
programador deveria, ainda assim, responder em tribunal.
Aaron Swartz cometeu
o “crime” quando estudava na Universidade de Harvard, em Boston, e se ligou
através da rede wi-fi do MIT, acedendo a uma das suas bases de dados. Deixou o
computador ligado uma noite inteira para copiar 4,8 milhões de trabalhos de
investigação alojados na rede interna.
Já em 2008, Swartz
tinha sido investigado pelo FBI por ter descarregado e divulgado mais de 18
milhões de páginas de informações de arquivos judiciais. No ano passado,
Aaron Swartz tinha sido uma voz activa no debate sobre a propriedade
intelectual na Internet levado a cabo pelo Congresso norte-americano.
Na altura estava em
cima da mesa um projecto de lei de combate à pirataria online – “Stop Online
Piracy Act” (SOPA) – que dava mais poder aos detentores dos direitos de autor
para que combatessem odownload ilegal e a falsificação de artigos. Swartz deu
uma conferência na qual argumentava contra este projecto de lei, entretanto
suspenso.
Era público que
Swartz sofria de uma depressão. Na sexta-feira, a namorada foi encontrá-lo
morto, enforcado, no apartamento onde vivia. A família criouum site em sua
homenagem. O funeral realiza-se nesta terça-feira, no Illinois.