Consultor
José Fagali Neto (à direita na foto central) seria um dos responsáveis pelo
pagamento de propinas da Alstom para integrantes do governo paulista; na mesma
imagem, ele aparece ao lado de Pedro Benvenuto, secretário-executivo do
conselho gestor de Parcerias Público-Privadas do governo de Geraldo Alckmin e
ex-coordenador de gestão da Secretaria de Transportes Metropolitanos; emails
apreendidos pela PF revelam que Benvenuto repassava dados estratégicos sobre o
metrô a Fagali Neto, cujo irmão já presidiu a Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos; denúncia foi feita pela secretária do consultor, que teve conta
que recebeu cerca de R$ 20 milhões bloqueada na Suíça.
247 - Anotem este sobrenome: Fagali. É o elo que pode unir várias pontas do
chamado propinoduto do metrô paulista,
segundo a Polícia Federal. De acordo com
reportagem publicada nesta segunda-feira pela Folha de S. Paulo (leia aqui),
o consultor José Fagali Neto pode ser o chamado "homem-bomba" do
escândalo. Irmão de José Jorge Fagali, serrista e ex-presidente do Metrô na
gestão tucana, José Fagali Neto foi denunciado à Polícia Federal pela
secretária Edna Flores, que entregou aos Ministério Público estadual e federal
emails pessoais do consultor.
Nas
mensagens, fica evidente o livre trânsito da família Fagali à cúpula do
tucanato. Segundo a secretária, o engenheiro Pedro Benvenuto, atual
secretário-executivo do conselho gestor de Parcerias Público-Privadas
frequentava o escritório do consultor em 2006 e 2007, quando era coordenador de
gestão da Secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo, à qual estão
subordinadas o Metrô e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos. Em 2006,
Alckmin era o governador. Em 2007, José Serra.
Numa
dessas mensagens, Benvenuto antecipa a Fagalli dados sobre investimentos no
metrô, como o plano de ações do setor. A secretária também apontou as ligações
do consultor José Fagali Neto com as empresas Bombardier e Tejofran, que
cresceu como um foguete na gestão Mário Covas. Ambas contrataram o consultor
para conquistar uma PPP de R$ 1 bilhão na CPTM. As duas empresas foram
denunciadas pela Siemens como integrantes do cartel do metrô.
Suspeito
de intermediar propinas da Alstom, José Fagali Neto teve bloqueada uma conta de
US$ 6,5 milhões na Suíça. O irmão, Jorge Fagali Neto, é um dos mais próximos
integrantes do núcleo serrista.
As
ligações da família Fagali com escândalos tucanos não são propriamente uma
novidade. Em 2009, reportagem de Mário Cesar Carvalho, na Folha, denunciou o
bloqueio dos recursos. O que espanta é que, até hoje, os irmãos não tenham sido
denunciados. Abaixo, a reportagem de 2009 sobre o bloqueio dos recursos:
Justiça bloqueia conta atribuída a irmão do
presidente do Metrô
Promotores brasileiros e suíços investigam
suspeita de que conta na Suíça recebeu recursos ilegais da empresa Alstom
Mesma decisão congelou uma conta atribuída a
outro suspeito no caso, Robson Marinho, conselheiro do TCE; ele nega ter conta
na Suíça
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça de São Paulo determinou o bloqueio de uma conta na Suíça atribuída a Jorge Fagali Neto, irmão do presidente do Metrô, por ter indícios de que ela recebeu recursos ilegais da Alstom. A mesma decisão bloqueia uma conta também na Suíça atribuída a Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo e segundo homem na hierarquia no primeiro governo de Mario Covas (1995-1999).
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça de São Paulo determinou o bloqueio de uma conta na Suíça atribuída a Jorge Fagali Neto, irmão do presidente do Metrô, por ter indícios de que ela recebeu recursos ilegais da Alstom. A mesma decisão bloqueia uma conta também na Suíça atribuída a Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo e segundo homem na hierarquia no primeiro governo de Mario Covas (1995-1999).
A Folha revelou no final de junho que a Suíça havia bloqueado uma conta atribuída a Marinho. Tanto Marinho quanto Fagali Neto negam ter contas na Suíça. A Alstom está sob investigação no Brasil e na Suíça por suspeitas de ter pago propina para obter negócios com políticos tucanos.
A decisão foi tomada pela juíza Maria Gabriela Spaolonzi, da 13ª Vara de Fazenda Pública. Ela concedeu liminar solicitada pelos promotores Silvio Marques, Saad Mazloum e Mario Sarrubbo, da Promotoria do Patrimônio Público e Social.
Perto de R$ 20 mi
A conta atribuída a Fagali Neto foi aberta no Banque Safdié de Genebra e recebeu perto de R$ 20 milhões. Os depósitos somam US$ 10.558.069 (R$ 19,3 milhões em valores atuais) e 211 mil (R$ 546,4 mil) até setembro de 2003, segundo documentos do Ministério Público da Suíça.
As últimas informações dos promotores suíços mostram que a conta de Fagali Neto tem um saldo de cerca de US$ 7,5 milhões (R$ 13,7 milhões). Ele foi diretor financeiro do Metrô em 1993 e secretário de Transportes em 1994 (governo de Fleury Filho). Seu último cargo público foi no departamento de projetos especiais do Ministério da Educação entre 2000 e 2003, na gestão do ministro Paulo Renato.
Em outubro de 2003, um mês depois de a conta atribuída a Fagali Neto ter recebido recursos da Alstom, o governador de São Paulo à época, Geraldo Alckmin (PSDB), assinou o contrato para a construção da linha 4-Amarela, um negócio de R$ 1,8 bilhão. A Alstom integra o consórcio que faz a linha.
Em setembro de 2003, o irmão de Fagali Neto, José Jorge Fagali, era gerente de custos do Metrô. Em 2007, meses depois de um acidente num túnel da linha 4-Amarela que matou sete pessoas, foi nomeado presidente da empresa pelo governador José Serra (PSDB).
O dinheiro que está na conta atribuída a Fagali Neto saiu da Alstom e passou por pelo menos três outras contas até chegar ao Banque Safdié, de acordo com a documentação suíça.
O trânsito do dinheiro por outras contas foi uma forma de tentar despistar que a origem do dinheiro era a Alstom, segundo promotores brasileiros.
As duas contas já haviam sido bloqueadas pelo Ministério Público da Suíça. A concessão de liminar pela 13ª Vara de Fazenda Pública tem como objetivo evitar que a Justiça suíça suspenda o bloqueio, sob alegação de que o Brasil não teria interesse pelo caso por não ter tomado nenhuma decisão judicial sobre aqueles valores. Serve também para preparar o terreno jurídico para eventual repatriamento de recursos.
Por: Brasil 247