O Ceará é o 6º Estado da Região Nordeste com maior índice de violência contra a mulher
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A Fortaleza está chocada com a presumida desídia da Polícia no caso do assassinato da pedagoga Andréa Aderaldo Jucá, esfaqueada 20 vezes pelo ex-suplente de vereador e ex-marido Alan Terceiro, no último dia 13, no bairro Rodolfo Teófilo. Detalhes revelados pela reportagem do O POVO demonstram que a tragédia provavelmente poderia ter sido abortada se as radiopatrulhas acionadas pelo Ciops (Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança) após inúmeras ligações de vizinhos, tivessem atendido aos chamados.
Os registros do Ciops acusam os telefonemas dos vizinhos desesperados com os gritos da vítima, quando ainda estava sendo espancada e pedia socorro. Mesmo avisado da gravidade do que estava acontecendo, o Ciops não conseguiu que as viaturas acionadas acorressem ao local em tempo de evitar o desfecho fatal. Os registros indicam, claramente, a inoperância completa de um serviço do qual depende a segurança e a vida dos cidadãos.
Não é por outra razão que a população se sente abandonada e os potenciais criminosos com autoconfiança suficiente para agir com completo desprezo aos órgãos punitivos. Muitas vezes, de maneira covarde, como no episódio em que uma mulher indefesa vê-se acuada em seu próprio lar. Mais grave ainda porque se trata de um acontecimento ocorrido na própria capital do Estado (onde estão localizados os principais equipamentos da segurança pública) e não num rincão distante no Interior. Ora, se no principal bastião da Polícia as coisas ocorrem dessa forma, o que pode esperar o cidadão de outras áreas do Ceará?
A insegurança deixa ainda mais exposta a vulnerabilidade das mulheres. O Ceará é o 6º Estado da Região Nordeste com maior índice de violência contra a mulher em relação à taxa de homicídios femininos. No período entre 2007 e 2011, foram vítimas de feminicídio, em média, 5,22 mulheres a cada 100 mil. Os dados são do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). O Ipea também constatou que 29% desses óbitos ocorreram na casa da vítima – o que reforça o perfil das mortes como casos de violência doméstica.
O que aconteceu no último dia 13 em Fortaleza é uma vergonha para a segurança pública do Estado. Não é possível aceitar a continuação desse quadro de completa vulnerabilidade da mulher cearense.