Texto prevê congelamento parcial de atividades e fim de algumas sanções.
Obama celebrou, mas pediu esforço para chegar a acordo de longo prazo.
O acordo alcançado entre o Irã e as potências mundiais no fim de novembro sobre o programa nuclear iraniano será aplicado a partir de 20 de janeiro, anunciaram neste domingo (12) o ministério iraniano das Relações Exteriores, a principal diplomata da União Europeia e a Casa Branca.
"A aplicação do plano de ação conjunto começará no dia 20 de janeiro", declarou o porta-voz do ministério, Marzieh Afjam, citado pela agência Mehr.
Catherine Ashton, chefe da diplomacia europeia, representou as chamadas seis potências -EUA, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha- na última rodada de negociações, nesta semana. Ela afirmou que as partes vão pedir à agência nuclear da ONU para que verifique a implementação do acordo.
"Vamos pedir a AIEA para realizar as atividades necessárias de monitoramento e verificação relacionados com o acordo nuclear", disse Ashton em comunicado.
Seis meses
O acordo provisório alcançado em Genebra em 24 de novembro de 2013 estabelece um congelamento durante seis meses de algumas das atividades nucleares mais sensíveis do Irã, limitando o enriquecimento de urânio a 5%, em troca de um levantamento parcial das sanções econômicas impostas pelo Ocidente.
As potências e Israel temem que o Irã use seu controverso programa nuclear para fins militares, o que Teerã repetidamente nega.
O governo israelense criticou várias vezes o acordo, que considera um "erro político".
Obama
O presidente dos EUA, Barack Obama, comemorou o anúncio, mas ressaltou que é preciso trabalhar mais para que se obtenha um acordo de longo prazo, apesar de "não ter ilusões" de como isso é difícil de obter.
"Comemoro este avanço importante, e vamos a partir de agora nos concentrar no trabalho crucial com o objetivo de obter uma resolução exaustiva que leve em conta nossas inquietações relacionadas ao programa nuclear iraniano", disse Obama em comunicado.
Obama reiterou que, durante a negociação deste acordo de longa duração, vai vetar qualquer legislação aprovada pelo Congresso que proponha novas sanções contra a República Islâmica.
O presidente também disse que os EUA vão permitir um "alívio modesto" nas sanções à medida que o Irã cumprir seus compromissos no acordo. Por outro lado, ele também ameaçou com o aumento das sanções, caso o Irã não cumpra sua parte.
Monitoramento
Pouco antes do anúncio do início de aplicação de acordo, diplomatas ouvidos pela agência Reuters afirmaram que a agência nuclear da ONU está considerando aumentar sua presença no Irã para melhorar o acompanhamento.
A Agência Internacional de Energia Atômica provavelmente precisa de mais inspetores no Irã e também considera a possibilidade de estabelecer um pequeno escritório temporário no país, disseram os diplomatas.
Apesar de inspetores da AIEA viajarem para o Irã com frequência para garantir que não há desvio de material nuclear para fins militares, eles não têm nenhuma base de operações no país.
Um porta-voz da Organização de Energia Atômica do Irã, Behrouz Kamalvandi, disse que Teerã não teve discussões sobre este assunto com a AIEA, de acordo com a agência de notícias Fars.
Mas o monitoramento da AIEA pode ser controverso na República Islâmica.
No passado, Teerã acusou a AIEA, com sede em Viena, de atuar como uma agência de inteligência, manipulada pelo Ocidente.
Mas as relações melhoraram desde junho de 2013, quando o Irã elegeu como presidente Hassan Rohani, um político relativamente moderado, o que abriu caminho para uma reaproximação diplomática com o Ocidente. G1