"Pousei lá algumas vezes”, assumiu o tucano Aécio Neves em artigo publicado nesta quinta-feira (31), no portal Folha de S.Paulo, ao dar explicações sobre seu envolvimento na construção do aeroporto em Cláudio, no estado Minas Gerais.
Para o líder do PT na Câmara, deputado federal Vicentinho (SP), "reconhecer não basta”. Em pronunciamento, nesta quinta-feira (31), ele informou que protocolou requerimento à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para que se investigue o caso. Na oportunidade, ele citou, por exemplo, quais aviões e quando foram realizados voos na pista construída no final do mandato de Aécio como governador de Minas.
Em seu artigo, o candidato à presidência pelo PSDB justificou que “a obra foi não apenas legal, mas transparente” e de que ela é “extremamente importante para o desenvolvimento do município e da região”, que possui cerca de 30 mil habitantes.
Mas, será mesmo?
Uma pergunta simples que o senador licenciado não respondeu foi como se justifica o gasto público de R$ 34 milhões, entre contratos e desapropriação, para um empreendimento que está a pouco mais que 30 quilômetros do aeroporto de Divinópolis, que tem a prerrogativa de atender um raio de 100 quilômetros naquele estado.
Outra justificativa descabreada do tucano, então membro titular da Comissão de Constituição e Justiça, foi reconhecer não ter buscado a informação sobre o estágio do processo de homologação do aeroporto. Mas, fica a dúvida: “Como conseguiu passar pelo controle de voo, já que o dito aeroporto não estava legalizado?
Em publicação no portal Carta Maior, José Augusto Valente, especialista em logística e transporte, diz que “nenhuma aeronave se destina a qualquer aeroporto sem que o comandante apresente o seu plano de voo para receber autorização para decolar. Ao apresentar o destino “aeroporto de Cláudio/MG” o controle aéreo tem que checar se ele se encontra em condições legais de operação. Se estiver interditado, não recebe autorização, se não tiver homologação da Anac, não recebe autorização. Por condições de segurança, especialmente”.
Encurralado
Os últimos 11 dias deixam claro que o candidato tucano foi encurralado. Seja porque há mais provas concretas sobre o caso que podem vir à tona qualquer momento, seja porque pesquisas internas do PSDB já apontam para um estrago na imagem do senador licenciado.
A verborragia aplicada ao texto assinado por Aécio Neves não encerra o caso. Pois além de ter vindo tarde, não explica o ocorrido. Pelo contrário, revela o quão cínico pode ser o tal presidenciável.