O general e escritor americano William T. Sherman dizia que o sucesso na guerra é obtido “sobre os corpos mortos e mutilados, com a angústia e lamentações de famílias distantes”. Apenas aqueles que “nunca ouviram um tiro e nunca ouviram os gritos e gemidos dos feridos e dilacerados clamam por mais sangue, mais vingança, mais desolação”.
Das cenas deploráveis do massacre na Faixa de Gaza, uma ganhou destaque pelo inusitado macabro.
Grupos de israelenses têm assistido o bombardeio do alto da colina da cidade de Sderot. Não exatamente constritos. Eles vêem os mísseis viajarem no céu e aplaudem quando atingem o alvo. A maioria carrega cadeiras de plásticos para o lugar. Há até sofás. Comem pipoca e tomam cerveja.
Sderot fica próxima de Gaza e tem uma vista privilegiada daquela área. Repórteres costumam ir para lá em busca de imagens.
Um dinamarquês chamado Allan Sorensen postou uma foto no Twitter do camarote e escreveu: “Cinema Sderot”. O tuíte foi compartilhado milhares de vezes.
Diante da repercussão, Sorensen explicou que aquele tipo de reunião insólita não era novidade e que foi tema mesmo de uma reportagem da TV da Dinamarca há cinco anos. “Isso é parte do processo de desumanizar o inimigo”, disse ele.
Uma outra jornalista acabou abatida. Diana Magnay, da CNN, estava narrando a chuva de mísseis. Numa certa altura da matéria, com a algazarra ao seu lado, ela se viu obrigada a explicar o que era aquilo.
Mais tarde, postou o seguinte nas redes sociais: “Israelenses no monte em Sderot comemoram enquanto bombas aterrissam em Gaza; ameaçam destruir nosso carro se eu falar uma palavra errada. Escória”.
Magnay apagou o post, mas não adiantou. Foi afastada da cobertura e enviada para Moscou.