Não há um único dado de verdade na entrevista de Aécio Neves ao Jornal Nacional. Nenhum.
Impressiona como ele mente descaradamente e várias de suas mentiras poderiam ser desmascaradas com uma simples consulta a dados disponíveis
Na ‘sabatina’ ensaiada pelo JN, Aécio Neves insiste em falar em inflação quando o IPC é o menor em 4 anos e em nenhum momento foi confrontado por Bonner ou Patrícia Poeta. Ah! se a Globo fizesse jornalismo…
Aécio diz que uma “professora da USP” (sem nome e sobrenome), afirmou que Aécio não tem nada a ensinar sobre saúde pública! Estamos falando dos mesmos tucanos que sequer repassaram dinheiro recebido pelo Ministério da Saúde à Santa Casa? Estamos falando do mesmos tucanos que sucatearam a maior universidade pública do país e que está em greve há meses?
A cara de pau de Aécio Neves e o não Jornalismo Global espantam. Qualquer blogueiro mediano fatiava a conversa mole de Aécio retrucando-o ponto por ponto.
Sobre educação então, faço questão de destacar a mentira absurda dita pelo candidato em horário nobre sobre educação. Primeiro ele diz que o Prouni foi criado no estado de Goiás, o mesmo estado de Perillo e seu fiel escudeiro Demóstenes Torres, senador do DEM que antes de ser cassado devido ao escândalo de sua estreita parceria com o bicheiro Cachoeira entrou no STF contra o PROUNI! Como se a cara de pau fosse pouca afirma Aécio:
“Minas tem hoje a melhor educação fundamental do Brasil, mesmo sendo um estado heterogêneo, e não sendo o mais rico dos estados brasileiros.”
Com a palavra os professores de Minas Gerais:
Querem calar os educadores mineiros
Por: Beatriz Cerqueira*
Desde 2008, os trabalhadores em educação da rede estadual lutam pelo pagamento do Piso Salarial Profissional Nacional. Mas, a luta vai além da questão salarial. Em todas as pautas de reivindicações demandas de acesso, permanência e qualidade da educação foram apresentadas ao governo mineiro.
Desde que o modelo do choque de gestão foi feito no Estado, o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) acompanhou as políticas públicas da educação (ou a sua ausência), os programas de governo e os indicadores de qualidade. Estudos feitos pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), relatórios do Tribunal de Contas do Estado, e mesmo as publicações oficiais do governo denunciam uma realidade diferente das peças publicitárias veiculadas no Estado.
Há anos, o Sindicato denuncia as precárias condições de trabalho do professor e dos educadores em Minas Gerais, a falta de estrutura física das escolas, a falta de vagas na educação básica, a destruição da profissão docente no Estado. Em 2014, o comportamento da entidade não foi diferente. Apresentou a pauta de reivindicações com demandas relacionadas à educação de qualidade, acesso e permanência na escola.
O governo estadual, a exemplo de anos anteriores, ignorou os problemas das escolas estaduais e seus educadores. Também, a exemplo de anos anteriores, o Sind-UTE/MG denunciou os problemas. Mas a denúncia da realidade, que não cita nenhum nome de candidato, incomodou a coligação encabeçada pelo PSDB que, em dois dias, já tentou impedir, por três vezes, a veiculação da campanha de informação da realidade das escolas estaduais. A tentativa de censurar os trabalhadores em educação demonstra a forma como fomos tratados nos últimos anos: a mordaça como pedagogia do medo enquanto se destrói a escola pública mineira.
Na campanha de informação, conforme divulgamos a seguir, não falamos nenhuma novidade.
Acompanhe o que o governo de Minas fez contra a educação mineira
• Não dá autonomia para os professores avaliarem o processo de aprendizagem dos alunos, impondo a aprovação automática.
• Manipula as informações sobre qualidade da educação, divulgando apenas o Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (IDEB). Outros indicadores que apontam os problemas não são repassados à população.
• O programa Fica Vivo não diminuiu a violência. A taxa de homicídio em Minas aumentou 80% de 2001 a 2011. Nossos jovens estão morrendo!
• Os programas do Governo são apenas para propaganda, não atingem a maioria dos municípios mineiros. O Poupança Jovem, por exemplo, atende apenas nove municípios.
• Faltam 1.010.491 de vagas no Ensino Médio.
• Somente 35% das crianças mineiras conseguem vaga na Educação Infantil.
• Não tem nenhuma política preventiva sobre violência nas escolas. Professores são agredidos, alunos assassinados e nada é feito.
• Não paga o Piso Salarial Profissional Nacional aos profissionais do Magistério, conforme determinado pela Lei Federal 11.738/08 e decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
• Efetivou, sem concurso, mais de 98 mil servidores, colocando estas pessoas numa situação de fragilidade jurídica.
• Congelou a carreira de todos os trabalhadores em educação até dezembro de 2015.
• Não cumpre acordos que assina.
• Acabou com o Fundo de Previdência dos Servidores Estaduais (Funpemg), que já tinha capitalizado mais de R$3 bilhões para aposentadoria dos servidores.
Mas parece que o que incomodou foi a possibilidade da população ser lembrada sobre os problemas da escola, durante o período eleitoral. Qual o medo? Vamos fazer o debate público sobre a realidade da educação mineira? Porque a censura é o instrumento de uma ditadura, não de um Estado democrático.
Quem quer ser gestor tem que aprender a conviver com quem pensa diferente.
*Professora Beatriz Cerqueira
Coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG)