Câmara cassa mandato de Vargas; só cearense votou contra

Desta forma, o ex-petista - que é acusado de envolvimento com um dos personagens centrais do escândalo na Petrobras - fica inelegível até 2022, como exige a Lei da Ficha Limpa. Único voto contrário foi de José Airton (PT)

Vargas é acusado de envolvimento com doleiro Alberto Youssef
Acusado de envolvimento com um dos pivôs do escândalo de desvio de recursos da Petrobras, André Vargas (ex-PT-PR) teve seu mandato cassado ontem pela Câmara dos Deputados. Com isso, ele não poderá disputar eleições até 2022, como determina a Lei da Ficha Limpa.

A perda do mandato foi aprovada, em votação aberta, por 359 votos -eram necessários 257 votos. Também foi registrado um voto contrário à perda do mandato e seis abstenções. O único que votou contra a cassação de Vargas foi o deputado cearense José Airton (PT), apesar da orientação contrária do partido de apoiar a punição do ex-filiado.

A votação ocorreu apesar de uma operação deflagrada por Vargas e por colegas do PT para tentar derrubar a sessão. Após destituir seu advogado de defesa, o petista enviou um atestado médico ao comando da Câmara alegando que passou por um procedimento cirúrgico e não poderia estar presente para se defender. Solicitou que a votação fosse adiada para depois do próximo dia 16, a um dia do encerramento dos trabalhos do plenário antes do recesso. Aliado de Vargas, o deputado José Mentor (PT-SP) chegou a encerrar a sessão por falta de quórum numa ação tumultuada faltando ainda duas horas para o fim do prazo regimental da reunião.

Mentor aproveitou um desentendimento em relação à presença do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) na Presidência da sessão, tomou a cadeira e declarou o encerramento da reunião por falta de quórum. O gesto irritou o relator do processo, deputado Julio Delgado (PSB-MG), o presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PSD-SP), e líderes da oposição que cobraram do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) a reabertura dos trabalhos.

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Defesa

Com a ausência de Vargas na sessão, o deputado Eurico Júnior (PV-RJ), que já tinha tratado do caso no Conselho de Ética, leu a defesa do ex-petista em plenário. Ele ponderou os argumentos sustentados por Vargas de que o conselho cerceou seu direito de defesa, baseou-se em provas ilícitas e trocou deputados, no dia da votação, para garantir o quórum e o número necessário de votos para recomendar sua cassação.

Em agosto, o Conselho de Ética considerou que Vargas quebrou o decoro parlamentar por intermediar, junto ao Ministério da Saúde, negócios do doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. O parecer do deputado Júlio Delgado também levou em consideração a locação de um avião utilizado por Vargas para passar férias com a família no Nordeste, custeado por Yousseff.

O POVO tentou entrar em contato com o deputado José Airton, mas foi informado que ele estava em audiência no Supremo Tribunal Federal e não poderia atender a reportagem.
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