Espancada e aprisionada pelos próprios pais por ser lésbica

Além de aprisionada durante 27 dias, a jovem também foi espancada. O motivo: ela namorava outra garota. “São muito graves os fatos relatados pelas testemunhas. É lamentável que aqueles que têm o dever de cuidar e dar afeto pratique tamanha violência contra a própria filha”, diz a coordenadora do Grupo Matizes

Imagem da moça com marcas de uma das surras
que levou do pai (divulgação)
O delegado Emir Maia, titular da Delegacia de Direitos Humanos e Repressão às Condutas Discriminatórias, concluiu o inquérito instaurado para apurar as denúncias de cárcere privado e lesão corporal de uma jovem de 19 anos que foi encontrada em situação de cárcere privado, no bairro Matinha, zona Norte de Teresina.

O Grupo Matizes, que acompanha o caso, colocou sua assessoria jurídica à disposição da jovem, que foi trancada em casa por quase 30 dias após assumir ser homossexual e ter um relacionamento com outra mulher.

No relatório, o delegado indiciou Antonio Melo Damasceno e Ana Virgínia Lustosa Vieira Damasceno pelos crimes de cárcere privado e lesão corporal. Segundo os depoimentos das testemunhas, os pais da vítima mantiveram a jovem trancada em casa por 27 dias.

Além do inquérito policial, a delegacia também expediu um Termo Circunstanciado de Ocorrência para apurar os crimes de ameaça e injúria. Segundo depoimento de testemunhas, depois que descobriram o relacionamento homossexual da filha, os pais teriam ameaçado a jovem e sua namorada de morte, além de pronunciar palavras de baixo calão contra as vítimas.

Segundo a coordenadora do Matizes, Carmem Ribeiro, o grupo vai acompanhar de perto esse caso. “São muito graves os fatos relatados pelas testemunhas e pelas vítimas desse caso. É lamentável que aqueles que têm o dever de cuidar e dar afeto pratiquem tamanha violência contra a própria filha”, afirma.

Segundo a polícia, o pai da vítima a manteve sempre dentro de um quarto, sem contato com ninguém. Ela só podia deixar a casa na companhia dos pais. A jovem conseguiu manter um celular escondido e com ele mandava notícias para a namorada, que levou o caso à polícia. “No mesmo dia em que o pai soube, em 19 de dezembro, ele começou a espancá-la, assim como a injuriar a companheira e a ameaçá-la.”, afirmou o delegado Emir Maia. Via: Pragmatismo Político
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