A aprovação das regras mais duras para criação dos novos partidos frustra aliados do ex-governador e Ministro da Educação, Cid Gomes, no Ceará. A Câmara Federal decidiu, nessa quarta-feira (25/02), impor limites para a fusão e criação de novos partidos. O projeto passará, ainda, pelo Senado.
Um dos pontos dessa mudança é que, para se fundir, a sigla tenha, pelo menos, cinco anos de existência. Outra alteração é no perfil dos eleitores que devem assinar o documento com o pedido de criação do novo partido: pela lei aprovada, o eleitor convidado para dar apoio a essa iniciativa não deve ser filiado a nenhuma agremiação partidária.
O alvo do projeto articulado pelo PMDB e aprovado pelo Plenário da Câmara Federal é o PL (Partido Liberal), que está sendo articulado pelo ex-prefeito de São Paulo e Ministro das Cidades, Gilberto Kassab. A medida atinge, também, a ex-candidata à Presidência da República, Marina Silva, que tenta criar o Rede Sustentabilidade.
Os dois novos partidos têm linhas ideológicas e programas diferentes, mas a tentativa de matá-los no nascedouro é uma estratégia para evitar prejuízos ao PMDB e, também, a ao próprio PT. O PMDB seria um dos partidos mais atingidos pelo PL do Ministro Gilberto Kassab.
Os cálculos de bastidores apontam que o PL poderia surgir com uma bancada de, pelo menos, 55 deputados federais, sendo que alguns viriam do PMDB. Outros seriam originários do PSD, sigla que se fundiria com o PL. Em termos de Rede Sustentabilidade, a ex-senadora Marina Silva atrai o olhar atencioso de aliados do PT insatisfeitos dentro do Governo.
No Ceará, o PL abrigaria não apenas os aliados do ex-governador Cid Gomes, mas, também, deputados estaduais eleitos por partidos que apoiaram o senador Eunício Oliveira na disputa ao Governo do Estado. O PMDB de Eunício, também, perderia deputados estaduais para o PL.
Os articuladores do PL calculam que, na Assembleia Legislativa, a sigla surgiria como a primeira ou segundo maior bancada parlamentar, além de atrair dezenas de prefeitos e ex-prefeitos do Interior e da Grande Fortaleza. Com a aprovação das regras mais duras para criação de novos partidos, a expectativa é que, a partir desta quinta-feira, seja deflagrada uma guerra no Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir que as regras aprovadas não tenham efeito imediato.