Delator de esquema na Petrobras cita deputado cearense

O deputado Aníbal Gomes foi acusado pelo delator Paulo Roberto Costa de ser "interlocutor" do presidente do Senado Renan Calheiros

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, peça-chave nas investigações da Operação Lava Jato, afirmou, em sua delação premiada, que o deputado cearense Aníbal Gomes (PMDB) serviria como um “interlocutor” do senador Renan Calheiros (PMDB), presidente do Congresso Nacional, com sua diretoria. Costa afirma que Aníbal se apresentava como “representante” de Renan. O senador teve seu nome incluído na lista entregue ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Nela, constam nomes de parlamentares que a Procuradoria-Geral de Justiça quer que sejam investigados por suposto envolvimento no esquema de desvios na Petrobras. O deputado nega as acusações de Costa. “Nunca fui interlocutor nem dele (Renan Calheiros) e nem de ninguém”, afirma. Segundo o cearense, o presidente do Congresso não precisa que ninguém desempenhe este papel para ele.

Aníbal Gomes é um aliado de Renan no Congresso. Ele chegou inclusive a empregar o filho mais novo do senador, Rodrigo Calheiros, em seu gabinete durante dois anos.

O parlamentar cearense admite que conhece o delator do esquema. “Todos os deputados mais antigos do Congresso conhecem ele”, afirma. Aníbal declara que tinha boa relação com Costa, afirmando que ele era visto como um bom gestor e que o respeitava. Ele diz ainda não saber por que o ex-diretor citou seu nome.

O esquema investigado pela Lava Jato previa o pagamento de propinas a políticos que podiam chegar a 3% dos valores dos contratos. Entretanto, segundo Costa, os valores pagos a Renan superavam esse teto.

Serveng

Costa também afirmou, durante seu depoimento, que Aníbal teria entrado em contato com ele, afirmando que o faria em nome de Renan, para solicitar que a Petrobras “passasse a contratar uma empresa, a Serveng-Civilsan”. Segundo as investigações, um grupo de empreiteiras formava um cartel para garantir praticamente a exclusividade sobre a execução das obras da estatal. O cartel só era rompido em circunstâncias excepcionais. 

Aníbal também nega essa acusação. Ele afirma que o único contato que teve com representantes da Serveng foi para tentar agilizar uma reunião com Costa. O objetivo seria debater o projeto do porto de São Sebastião, em São Paulo. “O projeto nem foi aprovado, imagina executado”, diz o parlamentar cearense. (com agências de notícias)

O POVO tentou entrar em contato com a Serveng-Civilsan. Entretanto, o email enviado pela reportagem não foi respondido até o fechamento desta página.
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