Por Cristina Fontenele - Adital:
O Fórum Mundial de Mídia Livre (FMML) segue até este sábado, 28 de março, na Universidade El Manar, em Túnis, capital da Tunísia, dentro da programação do Fórum Social Mundial. Em sua 4ª edição, o encontro reúne cerca de 300 comunicadores, blogueiros, jornalistas, organizações da sociedade civil e representantes de movimentos sociais de todo o mundo para discutir a construção de uma mídia mais democrática.
Para Renata Mieli, do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), o FMML é um "espaço de trocas de experiências e organização da luta em defesa de uma nova narrativa contra hegemônica”.
Um dos principais objetivos do FMML é aprovar a Carta Mundial da Mídia Livre, documento que prevê a existência de marcos regulatórios para promoverem a diversidade e a pluralidade nos meios de comunicação, a universalização da Internet e o incentivo às rádios comunitárias. A Carta, elaborada pelas entidades participantes, será sistematizada e lançada na Assembleia de Convergência pelo Direito à Comunicação, ao final do Fórum.
A mídia livre e alternativa tem sido um tema cada vez mais discutido pelos comunicadores. Blogs e sites estão se tornando plataformas importantes de divulgação de informações, muitas vezes, não transmitidas pela mídia hegemônica. Segundo a Carta Mundial de Mídia Livre, os meios comerciais reproduzem um sistema que favorece quem está no poder, excluindo e estigmatizando grupos marginalizados na sociedade. Para fazer frente a um sistema hegemônico de comunicação, a sociedade civil tem recorrido cada vez mais a meio alternativos em sua luta pela democracia, justiça social, igualdade e pluralismo.
A abertura do Fórum contou com mesas de debates sobre garantias e violações da liberdade de expressão e do direito à comunicação no mundo e nos países árabes. No debate de abertura, Roberto Savio, presidente da agência italiana Inter Press Service, disse que a existência de poucas organizações da mídia reduz cada vez mais as diferenças entre as coberturas jornalísticas. "Essa visão unilateral do mundo, em geral estadunidense, é estrangeira à cultura dos demais países”, declarou.
A delegação brasileira representa a metade dos comunicadores que participam do Fórum e é integrada por 170 ativistas, com representantes da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong), Centro Barão de Itararé, Ciranda, CoMulher, Conectas, FNDC, Ibase, Intervozes, Inversion Latina, Mídia Ninja, Rebrip [Rede Brasileira pela Integração dos Povos] e UBM [União Brasileira de Mulheres].
Para o compartilhamento das informações nas redes sociais, os comunicadores estão utilizando as hashtags: #WSF2015 e #FMML. Acompanhe a página do evento no Facebook e no perfil do Twitter.
Fórum Social Mundial 2015
Também está acontecendo na capital tunisiana o Fórum Mundial Social 2015 (FSM), na Universidade El Manar, de 24 a 28 de março. Criado em 2001, o FSM espera reunir na edição de 2015 cerca de 60 mil pessoas, mais de 4 mil organizações de todo o mundo e 118 países.
Com o lema "Dignidade e direitos”, o evento discute temas como migração, meio ambiente, direitos humanos e economia solidária. Estão programadas mais de 1 mil atividades, realizadas em eventos variados, tanto em Túnis como em outros países.
O FSM teve início, nesta terça-feira, 24, com a tradicional marcha de abertura, que reuniu cerca de 3 mil ativistas e militantes. Sob o tema "Os povos unidos pela liberdade, igualdade, justiça social e pela paz”, o ponto final da caminhada foi em frente ao Museu do Bardo, local alvo de um atentado terrorista do Estado Islâmico, no último dia 18 deste mês, matando 22 pessoas. A marcha foi um protesto contra a violência e uma mensagem e solidariedade às famílias das vítimas do ataque.
Para o diretor executivo da Abong, Damien Hazard, "não há nenhuma articulação internacional que tenha essa capacidade de mobilizar tantas organizações. O Fórum continua sendo o maior encontro planetário da sociedade civil. Resta saber se vai ser capaz de articular esses movimentos, que têm convergência nas suas pautas e reivindicações para conseguir ter uma maior incidência política em âmbito mundial, inclusive com maior visibilidade. Um desafio do Fórum é ter maior visibilidade, que não está sendo alcançada por meio da mídia comercial”.
Devido às mudanças econômicas desde o cenário de 2001, época do primeiro FSM, os movimentos sociais, no entanto, acreditam que o Fórum necessita ser repensado para dialogar com as novas forças políticas. Os ativistas questionam a incidência política do evento, já que mesmo os governos alinhados à agenda não adotaram, até hoje, várias propostas que nasceram nos encontros do Fórum. Será preciso, então, tornar o FSM mais propositivo.
Segundo o site FSM 2015, o Fórum é "um espaço de debate democrático de ideias, aprofundamento da reflexão, formulação de propostas, troca de experiências e articulação de movimentos sociais, redes, ONGs e outras organizações da sociedade civil que se opõem ao neoliberalismo e ao domínio do mundo pelo capital e por qualquer forma de imperialismo”.
Cristina Fontenele
Estudante de Jornalismo pela Faculdades Cearenses (FAC), publicitária e Especialista em Gestão de Marketing pela Fundação DomCabral (FDC/MG).
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Via: Daniel Pearl às 3/27/2015