O fim de semana está sendo de muita conversa política. Os partidos precisam indicar os nomes dos deputados que farão parte da comissão encarregada de analisar o pedido de abertura de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O prazo vence na segunda-feira, às 14h.
Em Pernambuco, a presidente Dilma falou sobre a relação com o PMDB. Disse que espera lealdade do vice-presidente Michel Temer e que ainda conta com o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, também do PMDB, que pediu demissão.
“Eu espero integral confiança do Michel Temer e tenho certeza que ele a dará. Ao longo desse tempo eu desenvolvi a minha relação com ele e conheço o Temer como pessoa, como político e como grande constitucionalista. Eu não recebi nenhuma comunicação do ministro Padilha e espero, então, eu ainda conto com a permanência do ministro Padilha no governo”, disse a presidente.
E o governo precisa mesmo se preocupar com o PMDB: o partido tem oito vagas na comissão especial que vai analisar o pedido de impeachment da presidente e está rachado. A ala mais próxima do vice-presidente Michel Temer sinaliza que vai se afastar do governo.
A pressão é grande e até agora não há nomes indicados para compor a comissão. O prazo para as indicações termina na segunda-feira (7).
O líder da bancada que tem a missão de escolher os integrantes da comissão diz que vai optar por deputados com um perfil moderado.
“Nomes que tenham capacidade de diálogo, uma capacidade de ter uma posição mais neutra, mais técnica na análise desse procedimento”, disse o deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ).
Neste sábado, o PPS confirmou que vai apoiar o impeachment, assim como PSDB, Solidariedade e o Democratas.
“A oposição está totalmente fechada em defesa do processo de impeachment, até porque existe fato concreto, a presidente cometeu crime de responsabilidade e ela tem que pagar pelo erro cometido”, afirmou o deputado Mendonça Filho (DEM-PE).
O líder do PSD, Rogério Rosso, da base governista, disse que cada parlamentar da bancada vai votar de acordo com a consciência de cada um.
“Boa parte da nossa bancada tem severas críticas à política econômica do governo federal, mas isso não significa que o partido se posicionará contra”, disse o deputado.
O PSOL anunciou que vai votar contra o impeachment. A rede apoia as investigações e defende uma análise neutra dos fatos.
A presidente Dilma voltou a criticar indiretamente o presidenta de Câmara, Eduardo Cunha, e disse que está tranquila.
“Porque não existe fundamento para o meu processo de impeachment. Eu já repeti várias vezes. Eu não cometi nenhum ato ilícito. Eu não usei indevidamente o dinheiro público. Não usei o dinheiro público para contemplar meus interesses. Não tenho nenhum recurso que recebi de qualquer processo que não seja o meu trabalho ou a minha família. Nunca depositei nenhum dinheiro na Suíça. Não tenho acusação de espécie alguma”, disse a presidente.
O deputado Eduardo Cunha, do PMDB, disse que não se sente atingido pelas palavras da presidente e lamenta que o maior escândalo de corrupção, de desvio de dinheiro público do mundo, está na maior empresa do governo dela, dirigida por ela desde 2003, seja como ministra, seja como presidente do conselho ou seja como presidente da República. G1/JN