Hábitos alimentares, consumo de álcool e fatores genéticos podem estar associados ao câncer de mama, alerta mastologista

Com a chegada do mês de outubro, inicia também a campanha que estimula a prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento do câncer de mama. Mas o ideal é que esta conscientização seja realizada durante todo ano, independentemente do Outubro Rosa. “O importante é se examinar, se tocar. A qualquer alteração no corpo, procure ajuda de um especialista na área”, orienta o mastologista e diretor médico do Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC), Antonio de Pádua Almeida Carneiro.

O médico destaca a importância do diagnóstico precoce e de hábitos que devem ser adotados para reduzir o surgimento de tumores. Ele norteia ações essenciais e explica, ainda, sobre o câncer de mama em homens. “Hoje se sabe, à luz do conhecimento atual, que se você faz alterações em seu estilo de vida, consegue reduzir em até 50% o aparecimento de tumores. É o que nós chamamos de prevenção primária”, indica.

Entre as recomendações para melhorar o estilo de vida, Carneiro sugere manter o peso corporal adequado, sem grandes variações ao longo da vida, além de adotar uma alimentação saudável rica em frutas, legumes, verduras e cereais, priorizando também alimentos integrais e evitando processados. “Defumados e outros produtos muito processados têm uma grande quantidade de substâncias químicas que podem atuar como carcinogênicos, ou seja, substâncias que podem promover a carcinogênese, que é o aparecimento do tumor”.

O mastologista também alerta sobre o etilismo. “A redução do consumo de bebidas alcoólicas também é um fator muito importante. No caso do câncer de mama em mulheres, o alcoolismo é um dos principais fatores associados à obesidade que pode levar ao aparecimento e desenvolvimento de tumores na mama”, diz.

Periodicidade de exames

O diretor médico chama a atenção para a realização de exames periódicos, possibilitando diagnosticar precocemente o tumor. “Quanto mais cedo diagnosticado, maiores são as chances de cura, menos mutilante é uma cirurgia e você consegue uma preservação da estética masculina ou feminina”.

O especialista explica que, mesmo com mudanças nos hábitos, há ainda outras maneiras de manifestação dos tumores. “Se a gente consegue alterar 50%, 55% no estilo de vida, existem uns 25 a 30% (dos casos) que a gente não consegue intervir, que estariam relacionados à exposição a radiações, a vírus e a outras substâncias ainda não conhecidas ou microrganismos”.

Fatores genéticos

Todos os tumores têm uma origem genética, ele pontua. “Quando a gente diz que de 15 a 20% dos casos são cânceres genéticos, hereditários, a gente quer dizer que a pessoa, homem ou mulher, nasceu já com uma mutação herdada em algum gene que regula o ciclo celular”, detalha. Se a pessoa já nasce com essa mutação, há uma probabilidade maior de desenvolver outra, ocasionando o aparecimento de tumores. “Mas 50% de redução de prevenção primária é um número muito bom e vale a pena a gente investir em qualidade de vida, com dieta adequada, prática de exercícios, melhorar a dieta, evitar o tabagismo, a obesidade e o etilismo”, afirma Carneiro.

Câncer de mama em homens

O câncer de mama em homens é raro, correspondendo a 1% ou menos dos casos em mulheres, segundo alguns estudos científicos. Como a incidência é muito pequena, não está indicada a realização de rotinas de mamografias e ultrassons. “Mas, na medida do possível, os homens devem ser informados a procurar um mastologista quando ele notar alguma retração em sua mama, quando houver aparecimento de alguma área nodular na mama ou na axila ou alguma descarga sanguinolenta pelo mamilo ou ferida que não cicatrize”, sublinha.

O mastologista destaca que o homem, assim como a mulher, precisa fazer o autoexame. E que casos na família são fatores principais para que homens sejam acometidos. “Quando existe um caso de câncer de mama em homem na família, coloca em risco todos os outros indivíduos. Então, todos os indivíduos devem ser submetidos à consulta com geneticista para avaliar se não ocorreu uma mutação nessa família, pois essa mutação pode propagar para as gerações futuras ou até mesmo levar ao aparecimento de tumores nessa família. De posse dessa informação, dependendo do tipo de tumor, você pode propor alternativas redutoras de risco”, argumenta Carneiro.

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