Metade das mortes por Covid-19 no Brasil poderiam ter sido evitadas, diz estudo

Metade das mortes por Covid-19 em hospitais do Brasil poderiam ter sido evitadas minimizando problemas no sistema de saúde, que envolvem o acesso e a disponibilidade de recursos, além das grandes disparidades entre regiões do país, segundo o último relatório da Equipe de Resposta à Covid-19 do Imperial College London, do Reino Unido.

Com base nos dados públicos de morte por Covid do Brasil, o relatório afirma que as taxas de mortalidade por Covid-19 em hospitais brasileiros flutuam extensivamente desde o início da pandemia e variam dramaticamente em todo o território nacional, substanciadas pela disseminação da variante Gama no país.

Estrutura de hospitais com leitos de UTI e enfermaria para
o tratamento de Covid-19

A pressão sobre o sistema de saúde brasileiro, grandes desigualdades na distribuição de recursos de saúde e a escassez de capacidade do setor em todo o Brasil impulsionam as altas taxas de mortalidade, concluiu o relatório.

Sem a pressão adicional sobre o sistema de saúde, causado pela pandemia, e sem as limitações de recursos, cerca de um quarto das mortes por Covid-19 em hospitais do Brasil poderiam ter sido evitadas, segundo o relatório.

Além disso, se não houvesse desigualdades nas taxas de mortalidade em todo o país, metade das mortes em hospitais por Covid-19 poderiam ter sido evitadas, afirmou o relatório.

Os dados mostraram ainda que, em muitas das capitais brasileiras, mais da metade dos pacientes mais velhos morreram em decorrência da Covid-19 em curtos períodos de tempo, com internações de algumas semanas.

Saúde brasileira precisa de investimento

Os pesquisadores sugerem que os investimentos em recursos de saúde, otimização do setor e a preparação para pandemia são essenciais para minimizar a mortalidade e morbidade da população causadas por patógenos altamente transmissíveis e mortais como SARS-CoV-2, especialmente em países de baixa e média renda.

“A mensagem principal do nosso estudo é que o impacto das novas variantes do SARS-CoV2 na mortalidade por Covid-19 precisa ser considerado no contexto mais amplo das desigualdades nos cuidados de saúde e recursos limitados. Esses fatores são frequentemente esquecidos, mas também representam determinantes críticos da mortalidade por Covid-19”, disse Oliver Ratmann, do Imperial College London, no boletim que divulgou o relatório.

A imunologista Ester Sabino, professora da Universidade de São Paulo, afirmou ao Imperial College London, que este cenário brasileiro não muda com as variantes.

“Os choques nas taxas de mortalidade nas capitais brasileiras ocorreram desde o início da pandemia e não apenas desde o surgimento da variante Gama”, disse.

Já a professora Márcia Castro, da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard, disse ao observatório britânico, que investir nestes gargalos da saúde brasileira é algo essencial para a sustentação do sistema.

“A extensa variação geográfica e choques temporais nas taxas de mortalidade nas capitais brasileiras são uma chamada urgente à ação, para investimentos sustentados no maior sistema de saúde público do mundo, esforços contínuos para limitar a disseminação da SARS- CoV-2, e melhorando o acesso e absorção da vacina”



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