Na mesma semana em que o massacre de Eldorado do Carajás completou 26 anos, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou o relatório Conflitos no Campo Brasil 2021, que mostra um aumento nas mortes e outras violências decorrentes de conflitos pela terra no ano passado.
O relatório destaca a atuação de entes privados, como fazendeiros, pistoleiros por encomenda e agromilícias, mas reconhece a atuação do poder público. O que chama a atenção é o papel que o garimpo ilegal passa a ocupar nesse cenário: garimpeiros foram responsáveis por 92% das mortes por conflitos registradas pela CPT em 2021. A atuação de garimpeiros resultou na morte de 101 indígenas, todos eles da etnia Yanomami, no ano passado.
LEIA TAMBÉM:
Devastação é 20 vezes menor em terras indígenas, mas seus habitantes pagam com a vida
Um levantamento do Mapbiomas divulgado no “Dia do Índio” (19), confirma que as Terras Indígenas (TIs) estão entre as principais barreiras contra o avanço da devastação ambiental. Nos últimos 30 anos, as TIs perderam 1% da vegetação nativa. Já nas áreas particulares a perda foi de 20,6%. A preservação, no entanto, ocorre às custas de assassinatos e episódios violentos. Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 2021 os indígenas foram as principais vítimas de assassinatos, mortes indiretas e episódios violentos provocados por conflitos no campo.
No ano passado, por exemplo, um grupo de indígenas isolados foi massacrado por garimpeiros quando tentava expulsá-los de seu território, conforme apontou a CPT. Das 109 mortes causadas indiretamente por conflitos no campo em 2021, 101 foram de indígenas - todos Yanomami.
“Assegurar os direitos dos povos indígenas é assegurar nosso futuro”
Garimpo e Bolsonaro destroem a Amazônia
“Os números [da violência no campo] têm crescido ainda mais nesse período de ruptura política no Brasil a partir de 2015 e 2016. E têm se intensificado muito mais durante o governo Bolsonaro”, afirmou a advogada e coordenadora do CPT, Andréia Silvério.
Esse artigo continua aqui.
Newsletter / Brasil de Fato