E eles agem para que o controle da maior empresa de energia do país passe para o capital privado para que eles possam ficar ainda mais ricos.
O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu, nesta quarta-feira (18/5), sob a relatoria do ministro Aroldo Cedraz, por sete votos a um, autorizar o governo federal a dar continuidade ao processo de desestatização da Eletrobras. Os maiores interessados no assunto, claro, somos todos nós, que vamos sofrer na distribuição de energia e na conta de luz os efeitos de uma privatização.
Mas tem gente com interesses, digamos, mais diretos na decisão do TCU.
Jorge Paulo Lemann, por exemplo, é dono de uma parte relevante da Eletrobras. Ele já tem uma fortuna de cerca de R$ 75 bilhões e é o brasileiro mais rico da atualidade. Sua empresa, a 3G Capital, detém cerca de 11% de um tipo das ações preferenciais da Eletrobras, algo avaliado em cerca de R$ 760 milhões, segundo a própria companhia. As ações preferenciais, conforme o próprio nome diz, têm preferência no recebimento de dividendos da estatal.
E o que são dividendos? São parte dos lucros de uma empresa que é distribuído a acionistas. Como o Lemann, por exemplo. E vale lembrar: quem recebe salário paga imposto sobre ele; quem recebe dividendos, não. Esse é um privilégio que os ricos do Brasil e da Estônia têm.
Mas voltando à Eletrobras... Só nos primeiros três meses deste ano, ela lucrou R$ 2,7 bilhões – 69% a mais do que no mesmo período do ano passado. Lemann ficará com parte disso. Mas não só ele.
Na lista, dentro da 3G Capital mesmo, tem também o terceiro, o quinto e o nono homens mais ricos do mundo. E adivinha: todos são acionistas da Eletrobras. E todos atuaram para a privatização da empresa.
E dá até pra repetir a frase: mas não são só eles.
Um banqueiro bilionário (o 18º mais rico do país) é quem mais tem ações com direito a voto da Eletrobras, atrás só do governo federal. Ou seja, ele incide nas decisões sobre os rumos da empresa. Seu voto teve peso considerável na assembleia que aprovou a privatização da empresa, em fevereiro deste ano. Só com as notícias sobre a possível futura privatização, que valorizaram as ações, Juca Abdalla ganhou R$ 1 bilhão.
Você não leu errado: o banqueiro lucrou um bilhão de reais com a notícia de privatização da empresa que ele ajudou a aprovar.
Eles embolsam o lucro. A gente paga o pato.
Mas não cabe tudo aqui neste artigo. Os detalhes todos estão neste link, na reportagem de Vinicius Konchinski.
Reforma psiquiátrica sob ataque
Hoje é Dia da Luta Antimanicomial, e a gente não pode deixar de registrar os enormes avanços que foram conquistados ao longo das últimas décadas e os retrocessos dos anos mais recentes. Desde 2011 e mais intensamente a partir de 2016, a reforma psiquiátrica vem sofrendo uma série de ataques.
A repórter Gabriela Moncau explica aqui o que são as comunidades terapêuticas, geralmente ligadas a comunidades religiosas, que vêm recebendo cada vez mais recursos do governo federal em nome da guerra às drogas.
Uma pesquisa de 2018 identificou violações em todas as instituições desse tipo inspecionadas. Entre elas, a obrigatoriedade de execução de tarefas repetitivas, supressão de alimentação, privação de sono, alta medicalização, uso irregular de amarras e violência física. E até práticas de castigo e punição aos internos.
No vídeo aqui a gente explica melhor o que é a luta antimanicomial, por que ela é tão importante e que ameaças ela está sofrendo atualmente.
Brasil de Fato