Médico de 45 anos foi autuado pelo crime e está à disposição da Justiça.
Por g1 CE / 11/07/2022 11h23 Atualizado
Paciente 👆 comemora prisão de médico após denunciá-lo por estupro durante consulta em consultório no Ceará — Foto: Instagram/Reprodução
Um médico de 45 anos, suspeito de estupro contra pacientes na cidade de Hidrolândia, no interior do Ceará, foi preso em Fortaleza, na última quinta-feira (7). A informação foi confirmada pela Polícia Civil nesta segunda-feira (11).
O caso veio à tona em maio deste ano, após a denúncia da técnica de edificações Carla Carvalho, 18 anos, que relatou em uma publicação na rede social que o médico fez perguntas eróticas, a agarrou e tentou pegar nas partes íntimas dela durante uma consulta em um posto de saúde.
Em comentário em rede social, Carla exaltou a prisão do médico. "Deus sabe de tudo, sofri e sofro muito depois de todo o acontecimento. Foram tantos julgamentos como se eu tivesse cometido o crime. E hoje vê que a justiça tá sendo feita, não só por mim, mas por todas e tantas vítimas, inclusive criança, dá uma sensação de alívio."
Conforme a Polícia Civil, a captura do médico, indiciado por estupro, ocorreu no Bairro José Bonifácio, na capital, durante o cumprimento de um mandado de prisão preventiva.
"O caso, que estava a cargo da Delegacia Municipal de Santa Quitéria, foi concluído e remetido à Justiça. O suspeito, que foi indiciado, encontra-se à disposição da Justiça", disse a polícia.
Com a repercussão do caso outras duas mulheres também denunciaram o médico e a Prefeitura Municipal de Hidrolândia afastou o profissional, que prestava atendimento na UBS Cosma Maurício da Silva.
'Tentou me agarrar'
No relato feito à época, Carla Carvalho disse que procurou a unidade de saúde no dia 3 de maio, com um quadro mastite, uma inflamação aguda nos seios, devido ao pós-parto. Ao entrar no consultório, ela foi atendida pelo médico, o mesmo que fez o parto dela.
"Na conversa inicial foi algo normal, ele perguntou o que tinha acontecido, expliquei para ele, viu meu seio e disse que era um caso bem sensível para tratar e caso eu não fizesse no posto teria que ir ao hospital. Como o hospital fica a cerca de 32 quilômetros e tenho uma filha pequena preferir fazer lá [posto]", relembra Carla.
Segundo a paciente, o médico começou a fazer o procedimento nos seios dela, mas depois de um certo tempo passou a se encostar nela e fazer perguntas de cunho sexual.
"Como era um procedimento doloroso, eu estava sentindo muito dor, ele pediu para não olhar, pois se eu olhasse iria doer ainda mais. Inicialmente ele fez perguntas normais para me distrair da dor. Depois de um tempo, passou a fazer perguntas eróticas sobre relações sexuais. Como meu peito estava muito cheio começou a vazar leite, aí ele perguntou se podia chupar meu peito", relatou a jovem.
Ainda de acordo com a técnica de edificações, ela estava na maca quando o médico começou o assédio, depois disso, ela se sentou em uma cadeira e o profissional tentou agarrá-la e pegar nas partes íntimas dela.
"Ele começou a me agarrar, me abraçar, me cheirar e eu fiquei tentando me sair. Quando saí da maca ele começou a se esfregar em mim, tentou pegar nas minhas partes íntimas, eu segurei as mãos dele e ele tentou colocar minhas mãos nas partes dele. Pedi a ele para deixar eu ir embora e ele perguntou: 'você vai me deixar assim'? [excitado]. Jamais imaginaria ter procurado atendimento em um posto e passar por aquilo", disse a técnica de edificações.
Conforme ela, o médico encerrou o atendimento, ela foi embora para casa e relatou para a mãe o que tinha acontecido.
"Quando saí, como estava muito traumatizada, fui para casa, fiquei em estado de choque, não sabia o que fazer, é algo que nunca se espera, você ir ao médico e passar por isso. Conversei com a minha mãe que me incentivou a denunciar. [...] Meu psicológico está abalado, não consigo dormir direito, não consigo comer, não consigo pensar, porque fico me lembrando", afirma a paciente.
Incentivada por amigas, Carla fez uma publicação na rede social, relatando o que tinha passado com o médico durante a consulta.
"Fui incentivada a expor o caso, pois poderia não ser a única a passar por aquilo com aquele médico. Nós mulheres somos fortes, temos que ter voz, se não seria somente a minha palavra contra a dele".