Ex-presidente russo próximo a Putin e vice-chefe do Conselho de Segurança da Rússia, Dimitri Medvedev afirmou que país usará todo o seu arsenal, incluindo o nuclear, para manter regiões da Ucrânia conquistadas por Moscou.
Por g1
Dimitri Medvedev, ex-primeiro-ministro da Rússia, e Vladimir Putin, o presidente, em reunião governamental no dia 15 de janeiro de 2020 — Foto 👆: Sputnik/Alexey Nikolsky/Kremlin/ via Reuters
O ex-presidente russo e atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dimitri Medvedev, afirmou nesta quinta-feira (22) que seu país está pronto para defender os territórios conquistados na Ucrânia com "armas nucleares estratégicas".
Com a fala, Medvedev subiu o tom das ameaças nucleares feitas ontem pelo presidente russo, Vladimir Putin, durante pronunciamento à nação pela TV.
A Rússia anunciou que não só as capacidades de mobilização, mas também qualquer arma russa, incluindo armas nucleares estratégicas e armas baseadas em novos princípios, podem ser usadas para essa proteção (das regiões ocupadas).
Ele reafirmou ainda a realização dos referendos sobre a separação das regiões ucranianas de Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia, invadidas pela Rússia. "Não há volta atrás", declarou.
"O establishment do Ocidente e todos os cidadãos dos países da Otan precisam entender que a Rússia escolheu seu próprio caminho", declarou.
Entenda abaixo como começou o conflito na Ucrânia:
Ameaça nuclear
'Isso não é um blefe', diz Vladimir Putin durante pronunciamento. Confira aqui o vídeo.
A ameaça de Medvedev - que costuma subir o tom das narrativas de Putin e do Kremlin - chega um dia após a escalada da Rússia na guerra da Ucrânia.
Na terça-feira (21), o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou a convocação de cerca de 300 mil reservistas - a primeira mobilização de reservistas da Rússia desde a Segunda Guerra Mundial -, ampliou o contrato de militares já no campo de batalha e disse que seu país está pronto para responder a "ameaças nucleares" que ele afirmou receber do Ocidente.
"Nosso país possui uma variedade de armas de destruição, algumas mais modernas até que as dos países da Otan. Isto não é um blefe", declarou Putin durante o pronunciamento à nação.
No discurso, também sem precedentes desde o início da guerra da Ucrânia, em fevereiro, Putin disse já ter assinado o decreto que estabelece a convocação dos cerca de 300 mil reservistas, o que gerou revolta de parte da população e busca por passagens saindo de Moscou (leia mais abaixo).
O líder russo não deixou claro a partir de quando os reservistas começarão a ser convocados, e nem quanto tempo será necessário para convocar todos eles. O que ficou claro, segundo Putin, é que apenas os que já têm alguma experiência militar entraram na lista da mobilização.
O discurso ameaçador de Putin preocupou o Ocidente e foi feito em um momento no qual o governo ucraniano faz uma forte e veloz operação de contraofensiva, com o apoio logístico dos países europeus e dos Estados Unidos.
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Troca de prisioneiros
Em paralelo às ameaças, a Rússia e a Ucrânia fizeram uma inesperada troca de prisioneiros na quarta-feira (21), a maior desde o início da guerra, envolvendo quase 300 pessoas, incluindo dez estrangeiros e os comandantes que lideraram a longa campanha de defesa ucraniana na cidade de Mariupol no início deste ano.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que a troca, que envolveu a ajuda da Turquia e da Arábia Saudita, estava em preparação há muito tempo e envolveu intensa negociação. Sob os termos do acordo, 215 ucranianos (a maioria capturados após a queda de Mariupol) foram libertados.
Em troca, a Ucrânia enviou de volta 55 russos e ucranianos pró-Moscou, além de Viktor Medvedchuk, líder de um partido pró-Rússia que havia sido banido e enfrentava acusações de traição.