Baseado em fontes da inteligência dos Estados Unidos, Hersh escreveu que foi Vladimir Putin quem mandou derrubar o avião onde estava Yevgeny Prigozhin, o chefe do grupo Wagner.
Luiz Carlos Azenha escrito em Global
Yevgeny Prigozhin e Vladimir Putin. Telegram / Dmitry Azarov - Kommersant
Seymour Hersh é um dos repórteres mais respeitados do planeta. Foi ele quem revelou o massacre de My Lai, cometido por tropas dos Estados Unidos no Vietnã. Outro furo de reportagem de Hersh foi sobre tortura praticada contra presos na penitenciária de Abu Ghraib, no Iraque.
Mais recentemente, o repórter denunciou que foram os Estados Unidos que promoveram a ação clandestina para destruir os gasodutos do sistema Nord Stream, destinados a levar gás da Rússia à Alemanha.
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Agora, baseado em fontes da inteligência dos Estados Unidos, Hersh escreveu que foi Vladimir Putin quem mandou derrubar o avião onde estava Yevgeny Prigozhin, o chefe do grupo Wagner.
Descontente com o comando militar russo, Prigozhin promoveu uma revolta militar contra Putin. Suas tropas de mercenários, que atuavam na Ucrânia, chegaram a marchar em direção a Moscou. O chefe do grupo Wagner acusou tropas russas de atacarem um de seus acampamentos. Moscou nega. Diz que foram os mercenários que derrubaram helicópteros e mataram soldados russos.
Putin determinou a desmobilização do grupo Wagner na Ucrânia. Retirou o armamento pesado e ofereceu a voluntários que se juntassem formalmente ao Exército russo.
Num acordo mediado pelo presidente da Bielorrússia, o grupo Wagner transportou muitos de seus mercenários para aquele país.
Foi aí que começaram os problemas, de acordo com o texto de Hersh. “Prigozhin estava provocando a OTAN”, disse a fonte de Hersh. Os homens dele teriam feito uma série de incursões ao espaço aéreo da Polônia, vizinha da Bielorrússia, além de ameaças à Letônia, Lituânia, Estônia e Finlândia.
“A última coisa que Putin queria era dar à OTAN a chance de arquivar suas crescentes dúvidas sobre o financiamento de Zelensky”, disse a fonte de Hersh.
Em outras palavras, o chefe do grupo Wagner tinha se tornado um perigo para a estratégia russa, que é a de desanimar a opinião pública europeia com o apoio à Ucrânia.
O avião com Prigozhin decolou de Moscou no dia 23 de agosto. No dia anterior, teria sido tirado de serviço para “manutenção”. Bombas foram programadas para explodir depois do recolhimento do trem de pouso.
Autoridades russas negam envolvimento na morte do chefe do grupo Wagner. O fato, registrado em imagens, é que o avião despencou subitamente do céu.
Em entrevista logo depois da rebelião do grupo Wagner, Putin havia afirmado que tudo era desculpável, “menos traição”.
Sobre a guerra, a fonte de Hersh disse que, apesar da tentativa de Joe Biden de aprovar mais U$ 40 bi de apoio à Ucrânia, “Zelenski nunca vai reconquistar território”.
O presidente da Ucrânia promoveu recentemente a troca do ministro da Defesa. A mídia dos EUA vendeu a mudança como tentativa de combater a corrupção, que envolve o desvio de dinheiro da ajuda militar ocidental.
Uma lista de 35 autoridades corruptas da Ucrânia teria sido apresentada a Zelensky em janeiro pelo diretor da CIA, William Burns. O nome do novo ministro da Defesa não estava na lista.
Ano que vem tem eleições nos EUA. Joe Biden é vulnerável no quesito corrupção. O filho dele, Hunter, recebeu milhões como consultor de uma empresa ucraniana quando o pai era vice-presidente.
Para Zelensky, trocar o ministro em deferência a Biden seria essencial.
“O cara novo [Rustem Umyerov, ministro da Defesa agora] é ainda mais corrupto. Ele cuidou da privatização de propriedade estatal, fez uma fortuna e tem uma mansão gigantesca em Majorca [Espanha]”, disse a fonte citada por Seymour Hersh.
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