O relógio fazia parte de um kit de joias valiosas dado como 'presente' oficial pela Arábia Saudita. Confirmação de Cid complica ainda mais a situação de Bolsonaro
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. 📷. Edilson Rodrigues-Agência Senado
247 - O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, revelou em delação premiada à Polícia Federal que recebeu ordens diretas do então chefe de Estado para avaliar o valor de um relógio Rolex e obteve autorização para a venda deste e de outros itens que compunham um kit de joias sauditas.
As declarações de Cid corroboram as suspeitas da PF de que as joias foram comercializadas a mando de Bolsonaro, utilizando dinheiro em espécie para evitar rastros financeiros.
O depoimento de Cid revelou que, no início de 2022, Bolsonaro estava insatisfeito com os gastos decorrentes de uma notificação judicial, despesas relacionadas à mudança e transporte do acervo de presentes recebidos, bem como multas de trânsito por não usar capacete em motos. Diante disso, o ex-mandatário questionou Cid sobre presentes de alto valor recebidos durante seu mandato, revela reportagem do G1.
Cid, então, consultou o Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH), responsável pelo acervo presidencial, para obter uma lista de relógios recebidos por Bolsonaro. Identificando o Rolex de ouro branco oferecido pela Arábia Saudita em 2019 como um item de fácil comercialização, Cid comunicou a Bolsonaro, que, segundo o ex-ajudante de ordens, deu a ordem para avaliar e vender o relógio, juntamente com os demais itens do kit de joias.
Às vésperas da assinatura do acordo de delação, Bolsonaro, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, afirmou que Cid tinha “autonomia” e que não daria ordens para a venda de qualquer item. A defesa de Bolsonaro, até o momento, optou por não comentar as revelações feitas por Cid.