Crime organizado: o que está por trás da chegada de uma nova facção carioca ao Ceará

O Estado já tinha a presença de pelo menos quatro facções criminosas, confirmadas por autoridades

Por Messias Borges, messias.borges@svm.com.br

Segunda maior facção carioca se aliou a um grupo criminoso de origem cearense, que se enfraqueceu nos últimos anos

Segunda maior facção carioca se aliou a um grupo criminoso de origem cearense, que se enfraqueceu nos últimos anos. Foto: Natinho Rodrigues

Um novo ingrediente surgiu na dinâmica do crime organizado do Ceará, nos últimos meses: a chegada da segunda maior facção carioca. O grupo criminoso está em expansão no Brasil e se aliou a uma facção cearense, que se enfraqueceu nos últimos anos e buscava alianças.

O Ceará já tinha a presença de pelo menos quatro facções criminosas, confirmadas por autoridades: a maior facção brasileira, de origem paulista, que tem atuação até internacional; a maior facção carioca; e duas facções de origem cearenses. A reportagem prefere não publicar o nome dos grupos criminosos.

De acordo com uma fonte que atua no Sistema Penitenciário cearense e que pediu para não ser identificada, a segunda maior facção carioca se aliou à facção cearense mais antiga, que foi sufocada pela ação da Polícia a partir de 2019, após o grupo criminoso ser apontado como o autor de várias chacinas que ocorreram no Estado, em 2018, como a Chacina das Cajazeiras (com 14 mortos) e a Chacina do Benfica (7 mortos).

A alta cúpula da facção cearense foi presa, o grupo criminoso ficou "acéfalo" e começou a perder o domínio de diversos territórios. Somado a isso, surgiu uma nova facção local, que assumiu o protagonismo na disputa com a maior facção carioca e "roubou" a parceria com a facção paulista, que traz drogas e armas para o Ceará, de acordo com uma fonte da Inteligência da Segurança Pública.

Outra fonte da Segurança Pública contou à reportagem que a segunda maior facção carioca está no Ceará há pelo menos seis meses e que há um intercâmbio entre criminosos cearenses e cariocas, com visitas às terras dos aliados, para trocar conhecimentos: "Existem integrantes desse grupo em bairros de Fortaleza e também em municípios da Região Metropolitana. Além disso, membros da facção estão recebendo criminosos cearenses nas comunidades do Rio de Janeiro há algum tempo já".

O secretário da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), Samuel Elânio, afirmou, na última segunda-feira (8), que "está sendo analisado tanto pelas inteligências da Polícia Civil, da Polícia Militar, e da própria Secretaria [da Segurança], se realmente procede isso".

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FACÇÃO EM EXPANSÃO PELO BRASIL

A segunda maior facção carioca - que nasceu de uma dissidência da maior facção do Rio de Janeiro - está em expansão pelo Brasil. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública - Especial Eleições 2022, organizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apontava que, naquela época, o grupo criminoso estava no Rio de Janeiro e no Amazonas.

Entretanto, a facção ampliou seus tentáculos pelo País, no ano seguinte. Reportagem de veículo da mídia baiana, publicada em agosto de 2023, revelou que o grupo criminoso carioca havia chegado à Bahia e se aliado a uma facção local - que antes se ligava à facção paulista.

Em dezembro último, reportagem de jornal de Brasília também apontou a presença da facção carioca no Distrito Federal. Por lá, uma operação da Polícia local desmantelou uma organização criminosa ligada ao grupo do Rio de Janeiro: 22 suspeitos foram presos. As duas produções jornalísticas também afirmam que a facção já está no Estado do Espírito Santo.

Diário do Nordeste

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