Depois da forte e dura cobrança de Arthur Lira (PP-AL) durante a abertura dos trabalhos do Legislativo, quando foi efusivamente aplaudido pelos deputados, assessores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliam que o encontro pedido pelo presidente da Câmara dos Deputados não deve acontecer tão cedo.
Enquanto isso, o petista conversou na tarde de segunda-feira (5) com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Na avaliação de assessores diretos de Lula, o clima ficou ruim para que um encontro seja realizado ainda nesta semana, como deseja Arthur Lira.
"Ele podia ter feito a cobrança num parágrafo, mas preferiu fazer uma cobrança do início ao fim, em tom pesado, isso deixa o presidente numa situação desconfortável para se encontrar com o Lira", avalia um assessor do presidente da República, destacando que a decisão é de Lula.
Lira exigiu, repetidamente, o cumprimento de acordos firmados, afirmou que o Orçamento é de "todos e todas", e não só uma exclusividade do Executivo, e praticamente ameaçou ao afirmar: "Não subestimem esta Mesa Diretora, não subestimem os membros desta Legislatura".
Mais de uma vez, ele falou que o pilar essencial de uma boa política é o respeito aos acordos firmados e o cumprimento à palavra empenhada. Lira tem reclamado de acordos não cumpridos pelo Palácio do Planalto durante o ano passado. E cobrou a contrapartida do governo.
Depois do encerramento da sessão, Lira saiu aplaudido do plenário e os ministros do governo Lula reagiram diplomaticamente, dizendo que a fala foi natural, como presidente da Câmara dos Deputados.
Mas quando voltaram para o Palácio do Planalto, a avaliação foi outra: a de que Arthur Lira deixou claro que vai cobrar uma fatura alta do governo neste ano para aprovar as propostas do Executivo e que o primeiro semestre tende a ser muito difícil.
Lira havia pedido um encontro nesta sexta-feira (9), mas agora o presidente deve deixar a reunião para bem depois do Carnaval. Por enquanto, diz uma auxiliar, se Lula já não estava tão disposto a se encontrar o presidente da Câmara, agora a indisposição aumentou ainda mais.
Por outro lado, Lula chamou Rodrigo Pacheco para uma conversa na segunda mesmo. O encontro estava meio combinado desde a quinta passada, quando se encontraram antes da posse do novo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.
Na conversa, eles conversaram sobre o ano legislativo, centrado na pauta econômica, e na viagem de Lula a Minas nesta quinta-feira, quando o presidente vai estar em Belo Horizonte, pela primeira vez desde que foi eleito para um terceiro mandato.
Por Valdo Cruz (g1), comentarista de política e economia