Aliado de Putin disse no Congresso que Macron deveria se lembrar de como a tentativa de invasão terminou para Napoleão e seus soldados, 'com mais de 600 mil dos quais foram deixados caídos na terra úmida'.
Por Reuters
Aliados do presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmaram nesta quarta-feira (28) ao presidente da França, Emmanuel Macron, que qualquer tropa que ele enviar à Ucrânia terá o mesmo fim que o Grande Armée de Napoleão Bonaparte, cuja invasão da Rússia em 1812 terminou em morte e derrota.
- Reportagem: Declarações de Macron sobre o conflito na Ucrânia levaram a Rússia a responder com ameaças
Na segunda-feira, Macron citou a possibilidade de que nações europeias enviassem tropas para a Ucrânia, embora tenha advertido que não havia consenso até o momento.
Seus comentários levaram uma série de outros países ocidentais, incluindo os Estados Unidos e o Reino Unido, a dizer que não tinham tais planos.
O governo da Rússia afirmou que o conflito entre o país e a aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), liderada pelos EUA, seria inevitável se os membros europeus da Otan enviassem tropas para lutar na Ucrânia.
Soldados mortos na terra úmida
Vyacheslav Volodin, presidente da Duma, a câmara baixa do Parlamento russo e um aliado próximo de Putin, disse que Macron parecia se ver como Napoleão e o advertiu contra seguir os passos do imperador francês.
"Para manter seu poder pessoal, Macron não poderia pensar em nada melhor do que deflagrar uma terceira guerra mundial. Suas iniciativas estão se tornando perigosas para os cidadãos da França", disse Volodin em seu perfil oficial de mídia social.
"Antes de fazer tais declarações, seria correto que Macron se lembrasse de como terminou para Napoleão e seus soldados, mais de 600 mil dos quais foram deixados caídos na terra úmida."
A invasão de Napoleão à Rússia em 1812 teve um rápido progresso no início e capturou Moscou. Mas as táticas russas forçaram seu Grande Armée a uma longa retirada e centenas de milhares de seus homens morreram em decorrência de doenças, fome e frio.
O ex-presidente russo Dmitry Medvedev, agora vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, sugeriu que Macron tinha delírios perigosos de grandeza e disse que sua declaração era um exemplo de como o pensamento político ocidental havia se tornado falho.
"Os herdeiros mesquinhos e trágicos de Bonaparte, experimentando as dragonas douradas arrancadas há 200 anos, estão ansiosos por vingança com magnitude napoleônica e estão proferindo absurdos ferozes e extremamente perigosos", disse ele.
Governo russo: países europeus entendem o perigo
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse que a declaração de Macron revelou que outros países ocidentais, ao contrário de Macron, entendiam os riscos de um confronto direto entre as tropas da Otan e a Rússia.
"Os líderes de muitos governos europeus disseram rapidamente que não estavam e não estão planejando nada do tipo", disse ela. "Isso mostra que eles entendem o perigo."