Ao provocar debate sobre a escolha do candidato em Fortaleza, Cid movimentou os bastidores da aliança governista
Por Inácio Aguiar, inacio.aguiar@svm.com.br
OPINIÃO
As declarações recentes não afetam a relação entre o senador e o ministro Camilo Santana, mas traz novos elementos ao jogo eleitoral. Foto: Thiago Gadelha
A barulhenta chegada do senador Cid Gomes ao PSB trouxe novos elementos ao debate pré-eleitoral de 2024. Ainda é cedo, porém, para se afirmar que novo tamanho do partido, que é base do governador Elmano (PT), será decisivo na sucessão, especialmente em Fortaleza.
O que já se pode constatar, entretanto, é que a filiação de 40 prefeitos, a chegada em massa de veadores que deve acontecer com a abertura da janela partidária, em 7 de março, e o comando de Cid, elevam o PSB ao patamar de partícipe ativo dos diálogos definidores do candidato da aliança governista.
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Desde o ano passado, o PT realiza encontros e sinaliza, de forma categórica, que pretende ter candidatura própria à Prefeitura de Fortaleza. Até a data do ato de filiação de Cid Gomes ao novo partido, nenhuma das várias legendas da aliança chegou a confrontar esse desejo petista.
Ao chegar à nova legenda, o senador deu declarações de quem entende o jogo eleitoral e chega com o desejo de participar ativamente das tratativas. Segundo Cid, seria razoável o PT abrir mão de candidato próprio na Capital, tendo em vista que já ocupa o governo federal e o governo do Estado.
Irmão do senador, o prefeito de Sobral, Ivo Gomes, foi além. Ele fez uma crítica de que é preciso construir um “projeto” para Fortaleza, ao reforçar a defesa de que o PSB deveria ter candidato próprio, independentemente do PT.
As declarações, como era de se esperar, agitaram os bastidores do governismo e do PT no Ceará. Some-se a isso, a filiação da ex-governadora Izolda Cela, um nome que poderia ser colocado no debate de discussão das candidaturas possíveis no grupo de aliados.
O xadrez eleitoral de 2024, entretanto, é complexo. Há elementos que extrapolam os debates locais. No caso do PT, por exemplo, já abordado nesta Coluna a situação do partido do presidente da República nas principais capitais brasileiras.
O cenário de hoje aponta Fortaleza como a Capital, entre as 5 maiores, em que o PT está com situação mais avança em relação à candidatura própria. Não parece razoável que a sigla vá abrir mão de ter candidato em Fortaleza.
O jogo de declarações, por si, não gera rusgas entre o senador e o ministro Camilo Santana, apontado por ele como “a maior liderança do Ceará”. Revela, por outro lado, o retorno de Cid ao protagonismo nas conversas definidoras da candidatura.