Em evento de Sarto e aliados, ex-governador alfinetou parentes e escapou de perguntas sobre reduto eleitoral do seu clã
Por Bruno Leite, bruno.leite@svm.com.br
PONTOPODER
Apesar de não comentar cenário, Ciro afirmou que seu grupo deve ter representantes na maioria dos municípios do Ceará. Foto: Thiago Gadelha
Ciro Gomes (PDT) evitou falar publicamente sobre o cenário pré-eleitoral de Sobral, reduto político da sua família. Vice-presidente nacional da legenda, o ex-governador do Ceará esteve presente em um almoço com dirigentes partidários da base do prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), no início da tarde desta quarta-feira (20), em um restaurante da Capital cearense. Quando questionado sobre o assunto, disse preferir não se manifestar.
"Eu prefiro, se você me permitir, não comentar nada lá de Sobral porque a faca ainda está atravessada aqui, doendo, para a moléstia", alfinetou o político durante entrevista coletiva realizada no intervalo do encontro de aliados. Segundo ele, em tom irônico, a última notícia que teve do município foi a morte de uma tia, aos 104 anos, e que, apesar disso, não esteve na cidade.
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Questionado sobre a participação de representantes da aliança pedetista no pleito municipal de outubro, Gomes disse que o objetivo do seu grupo é ter postulantes na maioria dos colégios eleitorais cearenses. "O que eu vou dizer é o seguinte, é que nós vamos oferecer ao povo cearense uma alternativa em Fortaleza em todos os lugares que nós pudermos", concluiu.
QUEM CHEFIA A PREFEITURA DE SOBRAL
A administração sobralense é atualmente comandada por Ivo Gomes (PSB) - irmão do senador Cid Gomes (PSB), da deputada estadual Lia Gomes (PDT) e de Ciro, membros de um clã que exerce um protagonismo eleitoral na municipalidade desde o fim da década de 1990. Reeleito em 2020, ainda pela agremiação trabalhista, Ivo migrou para o socialismo em fevereiro deste ano, em meio a filiação de 40 prefeitos, de Cid e da ex-governadora Izolda Cela.
O êxodo partidário de Ivo, Cid e aliados se deu após uma crise interna no PDT e de um rompimento familiar, ambos produzidos pelo contexto de cisão política entre pedetistas e petistas, iniciado em 2022, meses antes da eleição para o Palácio da Abolição. Ao longo de 2023, uma sucessão de eventos, marcados por cartas de anuência para parlamentares e brigas judiciais, deu volume para o conflito.
SUCESSÃO DE IVO E OPONENTES
Com a família dividida e imbuído da tarefa de passar o bastão para um sucessor ou sucessora, Ivo, com o apoio da base do Governo Elmano, tem em suas mãos uma lista de cotados. Nesta relação figuram nomes como o empresário Lucio Feijão; o seu chefe de gabinete, David Duarte; o diretor da Cagece, Luciano Arruda; o ex-vice-prefeito Carlos Hilton; a própria Izolda Cela, hoje secretária-executiva do Ministério da Educação; e a atual vice-prefeita Christianne Coelho (PT).
Enquanto isso, o PDT não tem falado abertamente sobre a participação de um representante na disputa. Caso cumpra o que declarou Ciro, o partido deverá montar uma estratégia nova, uma vez que os filiados com maior viabilidade - justamente os integrantes da família Ferreira Gomes - saíram do quadro ou desejam, por meio de intervenção judicial, deixar as fileiras pedetistas.
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Completando a fotografia da eleição de Sobral, a oposição já articula uma maneira de quebrar a hegemonia do agrupamento político que se mantém no comando do Paço Municipal de Sobral há mais de duas décadas. Legendas como o Partido Liberal - que ainda deve definir sua pré-candidatura - e o União Brasil - que tem o deputado estadual Oscar Rodrigues como pré-candidato - surgem no horizonte.