Por Thays Maria Salles - O Povo
Pré-candidata do PT nas eleições municipais de Fortaleza, a deputada federal Luizianne Lins alegou estar se sentindo "massacrada" na disputa interna da sigla.
Em entrevista ao O POVO no sábado, 9, a ex-prefeita explicou que o sentimento surge não relativo ao partido, mas a pessoas que estariam "assediando" filiados.
"Eu acho que a gente precisa ter muita tranquilidade para saber qual é o melhor caminho, porque não adianta as pessoas estarem querendo massacrar os outros na disputa interna do PT. Eu estou me sentindo assim: massacrada. Por algumas ações não do partido, mas ações que estão sendo feitas de pessoas, inclusive, que não são do PT", contou.
A parlamentar também externou não ver o mesmo acontecer com os colegas que dispuseram seus nomes na corrida eleitoral. Além disso, no parecer de Luizianne "o importante não é só ganhar internamente, é ter a capacidade de ganhar na sociedade".
"Tudo isso está sendo registrado. Gente que não é do PT discutindo sobre as prévias do PT, indo assediar filiado do PT. Então, não adianta fazer esse massacre todo comigo, por exemplo, dentro do PT, não vejo isso com os demais pré-candidatos, se depois a eleição não vai chegar lá, porque as condições que foram colocadas de acirramento foram muito grandes".
Na legenda, outros quatro nomes concorrem internamente a possibilidade de representar o PT no pleito de Fortaleza.
São eles: o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), deputado estadual Evandro Leitão; o assessor especial de assuntos municipais do Governo do Estado, Artur Bruno; a deputada estadual Larissa Gaspar; e o presidente do diretório municipal, deputado estadual em exercício Guilherme Sampaio.
"Primeiro, não tem veto ao meu nome. Segundo, são partidos que a gente tem dialogado e esses partidos estão dispostos a nos apoiar com afinco nessa disputa, que não será uma disputa fácil. O prefeito José Sarto (PDT) está se recuperando, recuperando sua gestão em vários aspectos. Assim, vai ser uma eleição onde também nós vamos ter aí o bolsonarista raiz que está se colocando, né?", pontuou Luizianne.
Questionada sobre a movimentação recente em apoio ao nome de Evandro, que conta com as correntes Campo Democrático, ligada ao deputado federal José Guimarães, e Movimento PT, vinculada ao deputado cearense José Airton Cirilo, Luizianne disse ser algo "já esperado" e considerou também como "um processo natural".
"Do ponto de vista interno, a gente já sabia mais ou menos a movimentação e a gente está vendo a movimentação dos diversos grupos", contou. "Acho um processo natural como também tem muitos outros que estão nos apoiando". Ela citou correntes como Diálogo Ação Petista e Articulação de Esquerda.
Luizianne também comentou a declaração do governador sobre não manifestar apoio à pré-candidatura no PT. "Se tivesse um acordo, o governador atestava aqui. O governador respondeu claramente que em nenhum momento ele disse e nem se posicionou, porque tinha respeito por todos os candidatos e que cabia a ele unificar e não dividir".
Na defesa de seu nome, a parlamentar argumentou não ser "alguém que está querendo agora" ser prefeita. "Não, estou falando de quem, no perrengue de 2016-2020, quando pouca gente, quase ninguém, se dispõe a ser candidato pelo PT no Brasil afora, cumpriu essa tarefa, sabendo que ela era difícil".
Outro ponto mencionado por Luizianne foi a questão de gênero. "E aquela velha coisa: nunca foi fácil para nós mulheres na política, a exemplo do que aconteceu com a governadora Izolda Cela (PSB), que não teve a oportunidade de disputar".
E seguiu: "A gente sabe que infelizmente o machismo é estrutural, mas não estamos falando só de ser uma questão de ser homem ou de ser mulher. Eu estou falando especificamente da nossa pré-candidatura, que não foi uma candidatura inventada da minha cabeça. Eu já fui prefeita [durante] oito anos. Eleita, reeleita no primeiro turno como fato inédito aqui na cidade, [que] nunca teve ninguém reeleito no primeiro turno".