A troca de nomes do secretariado do Governo Elmano poderia apenas confirmar aquilo que a oposição vinha chamando a atenção, já há muito tempo: a necessidade de mudanças em um governo sem resultados, com as contas públicas em frangalhos, com uma violência sem precedentes e com denúncias de ineficiência e corrupção em áreas específicas do Governo!
Ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio - PDT
Mas algumas das falas do governador, ao longo da última semana, sinalizam mais, no caso específico, que algum “estrategista” deve ter diagnosticado que era preciso uma mudança de posicionamento do próprio governador que, até então, não havia dado demonstrações claras de identidade do seu governo e de liderança pessoal para enfrentar os desafios do Ceará! Mas estão errando feio na dose e no tom.
Não está parecendo verdadeiro. E o que pretendia ser o início de uma nova postura de governo, acabou gerando desconfiança entre aliados e uma crise na opinião pública! Primeiro, o governador na ânsia de parecer “duro” com o crime, disse que “bandido agora será tratado como bandido no Ceará”, atestando, desastrosamente, que “bandido não era tratado como bandido” até agora. Trouxe de novo a ladainha de que um dos problemas a resolver e melhorar é a “sensação de segurança”, como se a violência no Ceará fosse uma questão subjetiva de percepção!
Depois, falou dos professores universitários do Ceará que estão usando o seu livre e constitucional direito de greve. Até mesmo porque as condições de trabalho e a infraestrutura das nossas universidades públicas estaduais estão mesmo em franco processo de deterioração. Tentou, inclusive, usar de uma velha tática de manipular a opinião pública contra os professores e se deu mal. Também tentou, ainda, com disfarçatez, justificar a falta de ações e projetos do Governo do Estado aqui em Fortaleza, atribuindo a uma suposta falta de busca por diálogo por parte do prefeito Sarto.
Os pedidos do prefeito por agenda e parcerias foram muitos, múltiplos, públicos, como também formais e protocolados. Vastamente cobertos e repercutidos pela imprensa local. Publicamente, o prefeito de Fortaleza também denunciou os cortes do Governo do Estado em parcerias já existentes com a Prefeitura da Capital na área do transporte público, na saúde e no microcrédito para mulheres. Essa busca que se tenta estratégica e aparentemente ansiosa e apressada por uma nova identidade do Governo e do governador está gerando um grave problema de percepção! Uma nova identidade é muito menos forjada por uma estratégia de comunicação e de factoides. É muito mais o resultado de um conjunto responsável e coerente de decisões objetivas, de trabalho e de resultados que se impõem!
É esse tipo de identidade que se sustenta e recebe o respeito popular e auxilia na construção de uma liderança. Essa postura que se vê no comportamento governamental é outro tipo de busca por identidade que está fundamentado no distracionismo da estratégia de comunicação, pelas polêmicas e factoides criados e pela energia e tempo perdidos em brigas deliberadas com “adversários” e que não resolve as questões práticas da nossa agenda de desenvolvimento do Ceará e, ainda mais, cria mesmo é uma sensação de um governo de duas caras, de dupla identidade. Porque o governo real vai ficando cada mais distante e destoante da pretendida imagem de governo criada pelas ações de marketing!
