As novas pressões sobre Biden para que desista de concorrer após atentado contra Trump

Biden vem enfrentando cada vez mais críticas e pedidos para abandonar a corrida eleitoral.

Por BBC

Biden vem enfrentando cada vez mais críticas e pedidos para abandonar a corrida eleitoral. — 📷: Reuters via BBC

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está enfrentando novas críticas e questionamentos sobre sua candidatura à reeleição — com sua campanha atualmente paralisada por conta de uma infecção de covid.

Os dois democratas mais graduados do Congresso americano — o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, e o líder da minoria na Câmara, Hakeem Jeffries — disseram ter se encontrado separadamente com Biden e expressaram preocupações com a candidatura do presidente.

A ex-presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, também disse em privado a Biden que ele não tem condições de derrotar Trump na eleição de novembro, segundo a rede de notícias CNN.

A campanha de reeleição de Biden já vinha sofrendo com dissidências entre líderes democratas, após um desempenho considerado fraco em um debate televisivo do presidente com Trump no mês passado.

Biden com covid

Ao anunciar na quarta-feira (17/7) que Biden testou positivo para covid, a assessora de imprensa disse que o presidente, que tem 81 anos, está apresentando sintomas leves.

Biden vai se isolar em sua casa em Delaware, mas vai seguir trabalhando "completamente", disse Karine Jean-Pierre. Ela afirmou que o presidente recebeu a vacina e a dose de reforço. Ela já havia testado duas vezes positivo para covid.

No dia anterior, Biden se encontrou com apoiadores em Las Vegas. Ele precisou cancelar um discurso que faria na UnidoUS, um evento de uma organização latina de direitos civis.

A covid pôs um fim súbito ao que deveria ter sido uma demonstração de força da campanha de Biden — após uma pausa causada pelo atentado contra Trump.

Biden estava em Las Vegas tentando reconquistar o apoio da comunidade latina. Pesquisas indicam que esse apoio caiu desde 2020.

Na quarta-feira, ele parecia andar vagarosamente ao subir os degraus do avião presidencial Air Force One. Ele não estava usando máscara. Ao embarcar, ele disse: "Bem, estou me sentindo bem".

Biden vem enfrentando cada vez mais críticas e pedidos para abandonar a corrida eleitoral.

Em encontros privados e separados na semana passada, Schumer e Jeffries manifestaram a Biden preocupações que sua candidatura possa prejudicar o controle das duas casas do Congresso americano — segundo relatos da imprensa americana.

Depois das notícias, o porta-voz da Casa Branca, Andrew Bates, disse: "O presidente disse aos dois líderes que ele é o indicado do partido, que ele planeja vencer, e que está ansioso para trabalhar com ambos para ajudar a passar legislação de 100 dias para ajudar famílias americanas".

Um porta-voz de Jeffries disse: "foi uma conversa privada que seguirá privada". O gabinete de Schumer disse que as notícias eram "especulações vazias", mas acrescentou que o líder democrata "expressou as visões de seu distrito diretamente ao presidente Biden".

Pelosi também teria dito ao presidente que pesquisas estão mostrando que ele está prejudicando as chances dos democratas de manterem a Casa Branca em novembro, segundo notícia da CNN.

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O presidente teria reagido às declarações, e — segundo a CNN — Pelosi teria pedido que o assessor de Biden mostrasse quatro fontes de informação na reunião.

Não está claro quando esta conversa teria acontecido. O gabinete de Pelosi disse à CNN que ela não conversa com o presidente desde sexta-feira (12/7).

Mais de 20 políticos pediram publicamente que Biden renunciasse à disputa eleitoral nas últimas semanas, incluindo Adam Schiff, um congressista da Califórnia que pediu que Biden "passe a tocha adiante".

Schiff disse que Biden "foi um dos presidentes mais importantes da história da nossa nação" e ele "firmaria seu legado de liderança" se deixasse outro democrata concorrer.

Em uma entrevista, Biden disse que não sente que deva abandonar sua candidatura com o país tão "dividido".

O presidente também disse, pela primeira vez, que ele consideraria abandonar a corrida se seus médicos dissessem que ele tem algum problema médico.

O presidente Joe Biden durante entrevista coletiva após a cúpula da Otan, em Washington — Foto: REUTERS/Yves Herman

'Estou cansado... de Elon Musk'

Antes do anúncio de que Biden está com covid, jornalistas em Las Vegas disseram que foram retirados de um restaurante mexicano no aeroporto da cidade que estava sendo usado pela campanha de Biden. O restaurante estava todo decorado com pôsteres da campanha do presidente.

Biden entrou no restaurante pela porta da cozinha — cercado de agentes do Serviço Secreto — e entrou no salão principal. Ele cumprimentou quem comia por ali — muitos que claramente haviam sido preparados para sua chegada — beijou uma pessoa e tirou selfies com outros.

O presidente parecia mais rígido e devagar do que no dia anterior, quando mostrou muita energia em um discurso para um grupo de direitos civis.

O médico do presidente, Kevin O'Connor, disse que Biden está com sintomas respiratórios, incluindo nariz escorrendo e tosse, e que recebeu uma dose do medicamento antiviral Paxlovid.

Ele se sentiu bem no primeiro compromisso do dia, mas em seguida testou positivo, disse O'Connor.

Biden postou no X um agradecimento a todos por "desejos de melhoras" e disse que vai "trabalhar pelo povo americano" enquanto se recupera.

Em outra publicação, ele disse: "Eu estou cansado" e em seguida completou "...de Elon Musk e seus amigos ricos tentando comprar essa eleição. E se você concorda, se manifeste aqui".

O tuíte tinha um link para doações.

g1

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