Ministério da Saúde do país informou à agência AFP que paciente foi infectado pela mesma variante responsável pelo aumento recente dos casos na África, o Clado 1B, identificado na República Democrática do Congo (RDC) em setembro de 2023.
Por Roberto Peixoto, g1
Partículas do vírus da mpox vistas em microscópio eletrônico. — Foto: NIAID |
A Suécia confirmou nesta quinta-feira (15) seu primeiro caso de mpox do "tipo mais grave" da doença, que recebeu esta semana o mais alto nível de alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS).
"Tivemos a confirmação durante a tarde de que temos um caso na Suécia do tipo mais grave de mpox, aquele chamado Clado 1", disse o ministro da Saúde do país, Jakob Forssmed, em uma entrevista coletiva.
📝 ENTENDA: Clado é um termo técnico utilizado para distinguir as diferentes variantes do vírus. Um clado tem origem num grupo de organismos com um ancestral comum, como o vírus da monkeypox, que é da família do orthopoxvírus.
À agência AFP, o Ministério da Saúde do país informou que o paciente foi infectado pela mesma variante responsável pelo recente aumento dos casos na África, o Clado 1b, identificado na República Democrática do Congo (RDC) em setembro de 2023.
Esta é primeira vez que o Clado 1b é identificado fora do continente africano, ainda segundo o governo sueco.
Segundo a pasta, o paciente em questão foi infectado durante o período em que viajou para o continente africano, onde existe um grande surto de mpox do Clado 1b. Na Suécia, esse paciente teve a infecção confirmada e está sob cuidados médicos.
A nova variante que está preocupando a OMS faz parte justamente desse clado e parece estar se espalhando mais facilmente por meio de contatos próximos rotineiros, como é o caso entre crianças.
Mas além do Clado 1b, existem mais três variantes reconhecidas do vírus: o Clado 1a, presente na Bacia do Congo, com mortalidade de até 10%, transmitido principalmente por roedores e com pouca propagação entre humanos; o Clado 2a, que ocorre na África Ocidental, com baixa mortalidade; e o Clado 2b, que provocou o surto de 2022 no Brasil e em outros países do mundo.
Os cientistas ainda desconhecem a causa genética das diferenças na virulência (sua capacidade de produzir casos graves e fatais) e transmissão desses vírus.
Também não está claro se essas mudanças são resultado apenas de fatores comportamentais e ambientais ou se o vírus da mpox está se adaptando a um novo hospedeiro.
LEIA TAMBÉM:
- Entenda o que significa a mpox ser classificada como emergência global
- Mpox volta a ser uma emergência sanitária global, diz OMS; tire dúvidas em 10 tópicos
- Vacinação em massa contra doença não é recomendada; entenda estratégia de imunização
Partículas do vírus da mpox vistas em microscópio eletrônico. — Foto: NIAID via AP, File |
Mudança de nome
A mpox era chamada de varíola dos macacos porque foi identificada pela primeira vez em colônias de macacos, em 1958. Só foi detectada em humanos em 1970.
Entretanto, o surto mundial de 2022 não tem relação nenhuma com os primatas - todas as transmissões identificadas foram atribuídas à contaminação por transmissão entre pessoas.
Por causa disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou um processo de consulta pública para encontrar um novo nome para a doença e assim combater o racismo e estigma provocado pelo nome.
Durante o processo, foram ouvidos vários órgãos consultivos até chegar no termo "mpox" (do inglês, "monkeypox").