Os dois deixaram de ser inseparáveis Foto: Reprodução |
O senador Cid Gomes, sempre ativo nas últimas eleições municipais em Fortaleza, ficou bem, longe desta campanha, que está chegando ao fim. Ele esteve bem presente, em vários municípios do Interior cearense, de onde saiu cantando vitória com a eleição de dezenas de prefeitos pelo PSB.
Em Fortaleza, praticamente ele, só uma, ou duas vezes ao lado de Evandro Leitão, o candidato apoiado pelo seu partido. E uma das oportunidades que esteve nas ruas com o candidato do PT, foi após um apelo público feito pelo Evandro, pedindo que o senador fosse com ele a um ato de campanha. O apelo foi registrado em uma das colunas políticas do jornal O Povo.
Cid, já afirmamos, faz restrições a Evandro Leitão, por quebra de compromissos com ele Cid, e com a bancada do PDT na Assembleia, do qual fazia parte Evandro Leitão. E também por quebra de acordo, quando Cid e a maioria dos pedetistas cearenses decidiram deixar o PDT. O compromisso era que todos seguiriam o senador, para um mesmo partido. Evandro não cumpriu o acordo e filiou-se ao PT.
Nos dois momentos, Evandro foi influenciado por Camilo Santana. Evandro Leitão foi escolhido presidente da Assembleia Legislativa cearense, para substituir o deputado José (Zezinho) Albuquerque, que já estava no cargo por vários períodos, e isso estava incomodando a alguns dos deputados do seu partido, que queriam, também, ser presidente. O senador buscou o consenso da bancada, comprometendo-se que Evandro Leitão só teria um mandato de presidente.
Ao fim do mandato de Leitão veio a frustração do senador. Evandro, com o apoio do governador Camilo Santana, descumpriu o acordo e foi para a reeleição. Cid engoliu, mas guardou a desfeita. Evandro quando foi escolhido pelo PT para ser o candidato a prefeito, no fim da manhã do dia seguinte procurou o senador para se explicar. Da conversa, só os dois podem falar, mas pela posição de Cid, as mágoas ainda estão vivas.
Cid, desde o início da movimentação de Leitão para ser o candidato do PT, demonstrou sua insatisfação, ao insistir na tese de que o candidato do grupo que ajudou as eleger o governador Elmano de Freitas (PT), deveria ser de outro partido aliado, e não do PT, que já tinha o governador do Estado e o presidente da República.
O PSB, que ainda estava sob o controle de Eudoro Santana, pai de Camilo, defendia que o seu partido deveria indicar o nome do candidato a vice de Evandro, e sugeria o nome da filha de Izolda Cela. Cid dizia que não. E acabou, por decisão de Cid, o PSD de Domingos Filho, indicando a deputada estadual Gabriela Aguiar, filha deste, para compor com Evandro.
Cid demonstrou o seu distanciamento de Camilo, nas eleições municipais deste ano, quando resolver enfrentar o seu ex-liderado, em redutos políticos muito caros ao PT, onde Camilo fazia campanha para um candidato e Cid para outro. Isso aconteceu em várias localidades, bastando citarmos uma para confirmar o escrito. Cid foi para dentro do município de Quixadá, berço do PT cearense, para derrotar o candidato a prefeito, filho de Ilário Marques. E atentem, Ilário Marques foi o primeiro petista a vestir a camisa de Cid Gomes, quando da sua primeira eleição para governador do Ceará. Ilário guarda sequela da queda de um helicóptero da campanha de Cid, quando fazia o trabalho de chefe da equipe precursora da campanha. Cid estava disposto, nas eleições deste ano, em derrotar, como de fato derrotou o então liderado.
Mas, analisar o distanciamento, dos até bem pouco inseparáveis na política cearense, Cid e Camilo, requer mais espaço, por isso, fica para outra oportunidade, pelo fato de a separação envolver questões políticas e de negócios.