Considerando o resultado das urnas de 2020 e deste ano, PSB, Republicanos e PT foram as siglas que mais cresceram no Ceará. Legendas com lideranças tradicionais, como PDT, PSD e MDB perderam espaço
Por Igor Cavalcante, igor.cavalcante@svm.com.br
Cid Gomes e Chiquinho Feitosa comandaram as articulações eleitorais do PSB e do Republicanos no Ceará. Foto: Thiago Gadelha; Fabiane de Paula |
Sob liderança do senador Cid Gomes e do ex-senador Chiquinho Feitosa, o PSB e o Republicanos, respectivamente, foram os dois partidos que mais expandiram seus domínios no Ceará, proporcionalmente. As duas siglas ampliaram em pelo menos seis vezes a quantidade de prefeitos eleitos entre 2020 e a eleição deste ano. O PSB, que elegeu oito nomes em 2020, chegou a 65 neste ano. Já o Republicanos, com dois prefeitos há quatro anos, agora tem 14.
Por outro lado, o PDT, sob influência de lideranças como o ex-prefeito Roberto Cláudio, o ex-ministro Ciro Gomes e o deputado federal André Figueiredo, despencou de 67 mandatários eleitos há quatros anos para cinco vitoriosos neste ano.
Considerando o número total de prefeitos eleitos, o PT é outra sigla que conseguiu ampliar significativamente sua força entre os cearenses. Em 2020, foram 18 mandatários eleitos. Neste ano, 46. A legenda ainda pode ampliar esse número, já que, em Fortaleza, Evandro Leitão (PT) disputa o segundo turno contra André Fernandes (PL); e, em Caucaia, Waldemir Catanho (PT) tem como adversário Naumi Amorim (PSD).
Na lista de partidos que cresceram entre as duas eleições aparecem ainda o Podemos, que foi de uma prefeitura para duas, e o PP, que passou de 10 para 13. O PTB, o DEM e o Pros elegeram mandatários na eleição anterior, mas são siglas que se fundiram para a criação do União Brasil e do PRD.
Troca partidária
O desempenho vitorioso do PSB e a desidratação do PDT tem relação direta. Os pedetistas obtiveram um resultado histórico em 2020 sob articulação comandada pelo senador Cid Gomes. Dois anos depois daquele pleito, no entanto, a legenda mergulhou em uma crise que rachou o partido: de um lado, ficaram aliados do senador, incluindo deputados estaduais e federais, além de prefeitos; de outro, ficaram lideranças do PDT Fortaleza e da Executiva Nacional, como Roberto Cláudio, Ciro Gomes e André Figueiredo.
A tensão só arrefeceu quando Cid resolveu deixar os quadros pedetistas — rompido inclusive com o irmão, Ciro — e se filiar ao PSB. Seguiram os passos do parlamentar, em fevereiro deste ano, 40 prefeitos com mandato, se desfiliando do PDT e se juntando aos quadros do PSB. Por conta dessa migração, algumas semanas antes da eleição deste ano, o PSB já contabilizava 67 prefeituras.
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Nessa segunda-feira (7), um dia após o resultado do primeiro turno, Cid comemorou o desempenho do seu partido na eleição. Ele também comentou sobre a derrota histórica em Sobral, seu berço político, onde ele próprio, familiares ou aliados governavam há quase 30 anos. No pleito deste ano, a ex-governadora Izolda Cela (PSB) foi derrotada pelo deputado estadual Oscar Rodrigues (União).
“Quero expressar minha imensa gratidão ao povo cearense, que confiou no projeto do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e elegeu 65 prefeitos e prefeitas do nosso partido e 56 vice-prefeitos e vice-prefeitas entre os 184 municípios do Estado. E meu agradecimento especial aos conterrâneos e amigos da minha terra amada, Sobral. Digo sempre e não custa reforçar que serei eternamente devedor do povo de Sobral. Muito obrigado a todos os cearenses”, disse.
O Republicanos também passou por transformações entre 2020 e este ano. O ex-senador Chiquinho Feitosa passou a somar força nas articulações no Interior. O partido, que elegeu dois prefeitos em 2020, chegou a três em meados deste ano. Com todas as urnas apuradas no Ceará, a legenda tem agora 14 prefeituras no Estado.
Outro partido que se beneficiou com a crise do PDT nos últimos anos foi o PT. Em 2020, a legenda elegeu 18 prefeitos, mas esse número foi ampliado ainda em 2022, com a onda petista que garantiu a vitória do presidente Lula (PT), do ministro Camilo Santana (PT) para o Senado, além da reeleição de José Guimarães (PT), líder do Governo, para a Câmara dos Deputados.
Em meados deste ano, a agremiação já tinha 43 prefeitos. Após o primeiro turno das eleições, o PT contabiliza 46 prefeituras no Ceará.
Perda de influência
Na outra ponta da lista, além do PDT, que saiu de 67 prefeitos para cinco, há outros partidos que perderam influência no Estado.
Outro caso simbólico é o PL. Em 2020, sob influência do prefeito do Eusébio, Acilon Gonçalves, foram 13 gestores municipais eleitos. Contudo, com a filiação nacional do ex-presidente Jair Bolsonaro à sigla, Acilon perdeu influência e, atualmente, o PL Ceará é dominado por bolsonaristas fiéis. Neste ano, a agremiação não contabilizou a vitória de nenhum de seus candidatos majoritários — e agora aguarda a definição da disputa em Fortaleza, com André Fernandes.
O PSD, liderado pelo ex-governador Domingos Filho, é um desses casos. O partido elegeu 18 mandatários do Executivo em 2020, mas agora conseguiu vitória com 15. O MDB, do deputado federal Eunício Oliveira, tinha 17 municípios em 2020. Agora, reduziu para nove.