“A guerra contra os BRICS e o genocídio em Gaza continuam"

Analista geopolítico previu as consequências para o mundo da vitória de Trump

Pepe Escobar e Donald Trump (Foto: Brasil247 | Reuters)

247 – Os principais analistas geopolíticos já começam a reagir à vitória de Donald Trump na eleição presidencial de 2024, após projeções da Fox News indicarem que o republicano derrotou Kamala Harris. Em uma análise contundente na superlive do 247, o analista geopolítico Pepe Escobar alertou para os impactos dessa reviravolta no cenário mundial, com foco na continuidade de conflitos e políticas externas agressivas dos Estados Unidos.

“O genocídio em Gaza continua. A guerra contra os BRICS continua”, disse Escobar, enfatizando que a postura beligerante de Washington em relação a regiões estratégicas não deve arrefecer com a volta de Trump ao poder. Segundo ele, a administração Trump, agora reforçada por um “mandato poderoso”, como o próprio ex-presidente descreveu, seguirá intensificando pressões e sanções sobre adversários geopolíticos, especialmente o bloco dos BRICS.

Escobar destacou também a provável ascensão de Mike Pompeo a um cargo-chave, sendo o principal nome cotado para liderar o Departamento de Defesa. “Mike Pompeo terá um papel extremamente perigoso. Os alvos já são conhecidos: Irã, Venezuela e os houthis no Iêmen”, afirmou. Segundo o analista, a nomeação de Pompeo, ex-secretário de Estado e figura alinhada com políticas intervencionistas, indicaria um direcionamento ainda mais agressivo e estratégico contra países que desafiam a hegemonia norte-americana.

Além dos conflitos militares diretos, Escobar previu um “tsunami de sanções” direcionado não apenas à China, mas também à União Europeia, num esforço de Washington para consolidar sua influência econômica e desestabilizar a ascensão de potências rivais. “Virão sanções severas, afetando economias e redes comerciais internacionais, numa tentativa de frear o crescimento chinês e enfraquecer a União Europeia”, completou.

As declarações de Escobar surgem num contexto em que Trump reafirma sua vitória, afirmando que “a América nos deu um mandato poderoso e sem precedentes” a uma multidão entusiasmada em Palm Beach, onde prometeu uma abordagem “implacável” para restaurar a posição dos Estados Unidos no cenário mundial. Apoiado por figuras como o empresário Elon Musk, que contribuiu com US$ 120 milhões para sua campanha e provavelmente será nomeado para liderar uma comissão de eficiência governamental, Trump já sinalizou uma agenda focada no fortalecimento militar e econômico do país.

A provável volta de Trump à Casa Branca também tem implicações para o cenário interno dos Estados Unidos. Escobar, entretanto, adverte que essa “máquina de guerra” visa essencialmente reforçar uma agenda imperialista, afetando diretamente regiões e países que se opõem ao alinhamento com Washington. Para o analista, a estratégia visa consolidar uma rede de pressão global, colocando tanto adversários tradicionais quanto aliados na Europa sob intensa vigilância e sanções. 

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"É uma grande vitória da extrema-direita e Trump não vai parar a máquina de guerra", diz Pedro Paiva

Em meio às projeções que indicam vitória de Donald Trump sobre Kamala Harris na eleição presidencial de 2024, analistas já começam a avaliar o impacto de seu retorno ao poder. Pedro Paiva, correspondente da TV 247, alerta para as consequências desse resultado para a América Latina, onde prevê um fortalecimento de grupos de extrema-direita e um aumento das tensões geopolíticas.

Durante uma superlive na TV 247, Paiva destacou que “o próximo governo Trump agirá em prol de seus aliados locais”, fazendo referência direta ao bolsonarismo e a lideranças que compartilham ideais ultraconservadores. Segundo ele, a América Latina será um foco de interesse estratégico do novo governo republicano, com destaque para o México, país que já foi alvo de declarações polêmicas do próprio Trump. "Trump já falou até em invadir o território mexicano", comentou Paiva, enfatizando que a retórica beligerante do candidato republicano não deve diminuir com seu retorno ao poder.

Paiva também apontou que o fortalecimento de lideranças como Javier Milei, na Argentina, é uma consequência direta desse cenário político, afirmando que a vitória de Trump representa uma “grande vitória da extrema-direita” em escala global. Segundo o correspondente, essa ascensão das forças de direita é parte de uma estratégia mais ampla que envolve o apoio a aliados locais em toda a América Latina, alimentando uma “máquina de guerra” dos Estados Unidos que, conforme alertou, “não vai parar com Trump, muito pelo contrário”.

Em sua análise, Paiva foi enfático ao dizer que a máquina de guerra norte-americana possui uma independência que transcende a figura do presidente, “controlando o país e seus líderes”. Ele argumenta que, mesmo com a retórica populista e nacionalista de Trump, a estrutura de poder nos EUA favorece o expansionismo militar e econômico, com consequências diretas para países latino-americanos que resistam às diretrizes de Washington. Ele também previu a continuidade da guerra na Ucrânia e do genocídio na Palestina.

O impacto dessa mudança na Casa Branca, caso a vitória de Trump se confirme, também traz preocupações para as relações internacionais. Com a Edison Research projetando uma liderança de Trump em estados decisivos como Pensilvânia, Carolina do Norte e Geórgia, muitos analistas e jornalistas já discutem a provável retomada de uma agenda de confronto e apoio a governos alinhados à extrema-direita na América Latina, prevendo uma fase de instabilidade para o continente.

Kamala Harris ainda não se pronunciou oficialmente sobre o desenrolar das apurações, mas seu co-chair de campanha, Cedric Richmond, declarou que "ainda temos votos a serem contados", sugerindo que a contagem continua em áreas-chave. Se confirmado, o retorno de Trump à Casa Branca deverá dar início a um novo capítulo de políticas exteriores agressivas, com desdobramentos na América Latina que, segundo Pedro Paiva, “não deverão ser ignorados por quem defende a paz e a soberania no continente.”

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