Reginauro demonstrou indignação com as atitudes de Carmelo e Alcides. Outro parlamentares se posicionaram. Foto: ALECE |
Deputados de oposição e da base governista se insurgiram, na manhã da quarta-feira (04), após publicações feitas nas redes sociais dos bolsonaristas Carmelo Neto (PL) e Alcides Fernandes (PL), onde eles afirmam ter votado contra um projeto de Lei supostamente reajustando os subsídios dos parlamentares da Assembleia Legislativa. O caso tem causado indignação entre os membros do Legislativo Estadual, que avaliam a possibilidade de levar o caso ao Conselho de Ética da Casa.
“Não houve votação de aumento de salário. Essa notícia estava correndo em grupos de whatsapp e depois estampada em veículos de comunicação do Estado do Ceará. Eu não posso me calar quando se faz fakenews e utiliza-se da nossa imagem para sensacionalismo, para ganhar curtidas e likes”, disparou o deputado Sargento Reginauro.
Ele também se disse surpreso com o fato de o deputado Carmelo Neto (PL) ter registrado voto contrário ao projeto, e ter ido às redes sociais para “se tornar o gatilho para a fake news”. “Como assim, deputado Carmelo Neto? Nós precisamos sair desse jogo midiático. A histórica da lacrosfera que é tão usada hoje quando a direita quer atacar a esquerda, e faz a mesma coisa? Vai para a rede social capitalizar para tirar as atenções sobre ele mesmo, porque virou alvo de ataques por se ausentar para votar na Mesa Diretora desta Casa”, disse.
Segundo disse, o deputado passou a ser atacado pelo grupo político do deputado federal André Fernandes, o que também teria sido feito por ele na votação da presidência de Evandro Leitão. “O André Fernandes, utilizando-se do voto do seu pai para fazer a mesma coisa. A cultura do ‘quanto mais like, melhor’. Eu tenho posições firmes, mas tenho peito e coragem. Eu vim votar no presidente da Casa defendendo meu vice-líder de partido, que está na Mesa Diretora e os interesses do meu partido, que terá uma vaga nessa Mesa”.
Sargento Reginauro também criticou o modo híbrido de votação na Casa Legislativa, visto que o voto de Carmelo Neto foi feito de modo remoto, já que ele não estava no Plenário 13 de Maio. “Um colega querendo usar os próprios colegas de oposição e querer surfar numa mentira que foi propagada de forma irresponsável por ele mesmo. Não vou tolerar esse tipo de comportamento”.
“Esse mesmo grupo liderado pelo André Fernandes postou foto dizendo que não tinha mais oposição na Casa. E os deputados de oposição desta Casa foram às ruas pedir votos para André Fernandes nas eleições. Parece que não aprenderam a lição. Só se faz política somando” – (Sargento Reginauro)
Renato Roseno (PSOL) lembrou que não houve aumento dos subsídios dos deputados estaduais votado na Assembleia Legislativa. Segundo ele, o deputado Carmelo Neto “surfou” na desinformação em suas redes sociais. “Até na disputa tem que ter lealdade”, lamentou. Julio César Filho (PT) destacou que houve uma convalidação por efeito de uma ação judicial onde se mudou a palavra de salário para subsídio, e delimitando para até 75% do subsídio do deputado federal, o que rege a Constituição.
“Tem aqueles que gostam de lacrar nas redes sociais, pois vai ter que lacrar dizendo que não vai receber. Porque no dia que cai o dinheiro na conta, ele bota no bolso. Quem quiser receber o salário, vai ter que assinar dizendo que quer receber os 75%”, apontou Cláudio Pinho (PDT), sugerindo que sua ideia vire lei estadual. Ele também propôs acabar com as votações virtuais, mas apenas presenciais.
Conselho de Ética
“Eu não servirei de trampolim para nenhum colega aqui na Casa Legislativa. Não vou seguir de isca para nenhum colega aqui”, criticou Felipe Mota (União), e exigiu que os deputados Carmelo Neto e Alcides Fernandes (PL) retirem as publicações de suas redes sociais.
“Esse é um comportamento hipócrita do deputado Carmelo Neto. Não houve votação de projeto nenhum para reajuste de salário. Apenas fizemos uma convalidação com a Lei. Eu estava na Mesa quando o deputado Carmelo pediu para registrar o voto por telefone”, afirmou Lucinildo Frota (PDT).
Até a publicação desta matéria, os deputados mencionados ainda não tinham retirado as publicações de suas redes sociais. Nos bastidores da Casa, os parlamentares articulam uma ação contra os bolsonaristas no Conselho de Ética.