A Assembleia Legislativa e a OAB/CE precisam expulsar os acusados de “rachadinha”

Julinho na posse de seu ex-assessor como dirigente da Ceasa

Difícil acreditar que o procurador-geral de Justiça do Estado, ou mesmo o secretário de Segurança Pública estadual não tenha informado ao presidente da Assembleia Legislativa cearense, deputado Fernando Santana, sobre a busca e apreensão na residência do deputado Júlio Cesar Costa Lima Filho, na manhã de segunda-feira (20), na procura de outras informações contra o crime de “rachadinha” de que é acusado o parlamentar. A comunicação, no caso, seria um gesto de respeito ao chefe do Poder Legislativo, mesmo que todas as cautelas fossem tomadas, para evitar qualquer reação adversa ao cumprimento dos mandados. Extraoficialmente, já tem algum tempo, a direção da Assembleia sabe da investigação. Aliás, ao que se diz, já houve até tentativa de encerrar a investigação, mas, como está provado, não deu certo. Osa integrantes da Mesa Diretora da Assembleia foram omissos quando não instauraram uma investigação administrativa, para punir o deputado, no caso de o crime realmente ter ocorrido ou ainda estar em curso. É difícil ter coragem para enfrentar o corporativismo tão danoso à imagem do Poder Legislativo. Em tempos passados os dirigentes da Assembleia eram ciosos quanto ao respeito à própria Casa legislativa, e houve abertura do processo disciplinar. José Sarto, quando deputado estadual foi investigado por uma comissão, que teve o ex-deputado Artur Silva Filho como presidente e o ex-deputado Renato Torrano como secretário.

O vereador, deputado (estadual ou federal), ou senador, que comete o crime denominado de “rachadinha” (cobrar para si parte da remuneração recebida pelo auxiliar), é indigno de compor um Parlamento.

A Câmara Municipal de Fortaleza, em 2014, cassou o mandato do vereador Aonde É ( Antônio Farias de Sousa), flagrado, próximo a uma agência bancária na rua Monsenhor Tabosa, em Fortaleza, recebendo parte da remuneração recebida por um seu assessor legislativo. Outro ex-vereador, também cassado pelo mesmo crime e outros, foi Leonel Alencar (Leonelzinho). Julinho, como é conhecido o deputado Júlio Cesar, não foi vítima do mesmo flagra, mas o crime está comprovado, como diz o Ministério Público, pela informação oficial publicada no site da Instituição.

Correligionários e adversários de Julinho, no Município de Maracanaú, testemunharam o entre e sai de policiais e promotores de Justiça na sua casa, quando da busca e apreensão da última segunda-feira. Ele ainda não fez qualquer manifestação pública, como também nada disse representantes da direção da Assembleia Legislativa, embora alguns colegas do investigado estejam reclamando um pronunciamento do presidente da Assembleia.

Julinho não estava só na prática do crime, como afirma informação oficial do Ministério Público. Ele tinha um advogado como cúmplice, cujo nome também a nota sobre a investigação omitiu, quando, na verdade, deveria ter escondido apenas os nomes das vítimas do crime, mesmo sabendo-se que estas, quando aceitaram devolver parte do que recebiam como assessores, estavam colaborando com os criminosos.

Do mesmo modo como a Assembleia tem o dever de punir o deputado, a OAB cearense, em nome da moralidade e do respeito aos demais advogados, precisa afastar dos seus quadros o comparsa do deputado.

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Blog do Edison Silva

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